Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Transações mudaram nos dez anos após crise nos EUA

Michael Hytha, Nabila Ahmed e Ed Hammond

02/10/2018 15h06

(Bloomberg) -- Uma década depois de a crise financeira interromper a atividade de fusões e aquisições, além de grande parte da economia, a realização de negócios poderia atingir níveis sem precedentes em um momento em que encerra o quinto ano de sua recuperação, embora o contexto esteja ficando cada vez mais difícil.

As transações globais chegaram a US$ 3 trilhões antes mesmo do início do quarto trimestre, superando todos os anos desde o início do milênio, exceto 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em cada um dos últimos três anos, o último trimestre foi o mais ativo de todos, o que significa que o marco de US$ 4,1 trilhões de 2007 poderia ser superado até o final do ano.

Dez anos depois do colapso do Lehman Brothers, que anunciou o início não oficial da crise, a Bloomberg Deals analisou mais de uma década de dados para ver como os negócios mudaram. Para onde o dinheiro está fluindo? Será que as grandes aquisições alavancadas voltarão? Será que as crescentes tensões comerciais significam que o pico da China já passou? A seguir, nossas conclusões.

Cinco anos

Embora as negociações tenham sofrido vários anos após a crise, por volta de 2013 as empresas começaram a abrir suas carteiras novamente -- e não fecharam mais. Até agora, este ano está a caminho de superar os picos do pós-crise de 2015, com grandes transações, como a aquisição da farmacêutica Shire pela Takeda Pharmaceutical, por US$ 62 bilhões, e a compra da Express Scripts Holding pela Cigna, por US$ 54 bilhões, abrindo o caminho.

"Depois de 2008, demorou uns cinco anos para que as pessoas começassem a pensar em fusões e aquisições novamente", disse Michael Carr, codiretor global de fusões e aquisições do Goldman Sachs Group. "Foi em 2013 que entramos em uma nova era que iniciou o ambiente atual."

"Cinco anos depois, estamos agora em um lugar onde os acionistas estão exigindo crescimento e estamos vendo transações horizontais e verticais", disse Carr. "Todos esses são sinais de um mercado forte."

Fundos para investimentos

A recuperação ainda não é generalizada, e as aquisições alavancadas (LOBs, na sigla em inglês) continuam bem abaixo do pico registrado antes da crise. Embora as empresas de private equity estejam com mais de US$ 1 trilhão de fundos para investimentos, as avaliações de alvos potenciais estão altas e as empresas enfrentam uma concorrência maior de adquirentes estratégicos pelos melhores ativos.

EUA em primeiro

Ao longo da queda e da recuperação, os EUA mantiveram seu lugar como marco zero para fusões e aquisições. As transações para a aquisição de empresas com sede nos EUA respondem por US$ 1,3 trilhão das transações concluídas e pendentes deste ano, do total global de quase US$ 2,5 trilhões, mostram os dados. Quatro dos cinco principais acordos anunciados em 2018 são para alvos dos EUA.

Segurança nacional

As fabricantes de chips são algumas das empresas cada vez mais citadas como preocupações de segurança nacional quando se trata de negociações, já que as tensões comerciais com países como a China levaram os EUA a reforçar as medidas para proteger dados e ativos próprios.

Desconfiança

Embora o aumento do escrutínio não se limite aos compradores chineses, é um impedimento ao comércio transfronteiriço com os EUA. Embora as transações em que uma empresa chinesa comprou um alvo dos EUA tenham subido constantemente nos anos posteriores à crise até atingir um pico surpreendente em 2015, a atividade foi dizimada nos últimos dois anos, porque os controles de capital e um ambiente regulatório mais rígido restringiram as fusões e aquisições.

A crescente desconfiança - não apenas em relação à China, mas aos negociadores estrangeiros em geral - está repercutindo em todo o setor.

"O mercado claramente desacelerou", disse Mark Shafir, vice-diretor global de fusões e aquisições do Citigroup, em entrevista televisiva, citando um declínio de cinco meses desde março e abril, quando o volume mensal de negócios estava próximo dos US$ 500 bilhões.

Repórteres da matéria original: Michael Hytha em São Francisco, mhytha@bloomberg.net;Nabila Ahmed em N York, nahmed54@bloomberg.net;Ed Hammond em New York, ehammond12@bloomberg.net