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Green Bay Packers aposta em imóveis para fortalecer economia

Justina Vasquez e Patrick Clark

03/10/2018 14h36

(Bloomberg) -- Mark Murphy viu o Packers derrotar o Buffalo Bills em Green Bay no domingo e, na segunda-feira, o principal executivo do time trocava o capacete esportivo pelo capacete de obra, preparando-se para revelar a próxima peça do projeto imobiliário do time ao lado do estádio.

O Packers planeja construir mais de 200 casas, com 150 para aluguel e 90 para venda, a um quarteirão do lendário Lambeau Field. As casas são a segunda fase de um projeto de uso misto chamado Titletown, que já conta com um hotel administrado pela Kohler, uma cervejaria, um centro de medicina esportiva e um laboratório de inovação tecnológica que é uma joint venture com a Microsoft. O projeto dará um impulso à economia local, a menor dos esportes profissionais dos EUA, e aos resultados financeiros do time, além de oferecer à geração do milênio novos lugares para morar e trabalhar - e torcer pelo time.

"Queremos garantir que Green Bay possa ter uma economia forte o suficiente para ter uma equipe da NFL", disse Murphy, CEO da Green Bay Packers Inc., em entrevista. "Se pudermos fazer coisas para tornar Green Bay mais atraente, não apenas para os visitantes, mas fazer com que mais pessoas queiram vir trabalhar em Green Bay, consideraremos isso um sucesso."

As franquias de esportes estão aderindo à incorporação imobiliária, construindo distritos de entretenimento ao redor de seus estádios e arenas para oferecer aos torcedores mais maneiras de gastar dinheiro. Embora a receita proveniente dos contratos de transmissão e da venda de ingressos seja frequentemente sujeita ao compartilhamento entre os times, as receitas obtidas no setor imobiliário vão diretamente para os cofres do time.

"Esses projetos exemplificam as mudanças que estão ocorrendo com o setor dos esportes profissionais", disse Jeffrey O'Brien, advogado imobiliário da Chestnut Cambronne em Minneapolis. Os televisores de tela grande e as redes sociais facilitaram o envolvimento dos torcedores no conforto de suas salas de estar, "por isso, você precisa basicamente criar um destino fora das instalações".

Monetização de Cheeseheads

Para Green Bay, o projeto também ajuda a monetizar o bem mais valioso do time - os Cheeseheads ("cabeças de queijo"), que estão entre os torcedores mais fervorosos do futebol americano. Eles são conhecidos por usar chapéus de queijo de mentira, por pintar o rosto e o corpo de amarelo, verde e branco e por ficar sem camisa em temperaturas abaixo de zero. Apesar de jogar no menor mercado da liga, o time costuma ficar entre os dez com a maior receita local gerada. Os ingressos para a temporada de jogos do Green Bay ficaram esgotados em todas as temporadas desde 1960, e a lista de espera atual tem mais de 130.000 pessoas.

Murphy disse que ainda é cedo para saber quanto as unidades vão custar, mas prevê que as unidades para venda serão o segundo lar para torcedores do Packers de todo o país e que os aluguéis serão destinados a universitários e jovens profissionais que queiram uma sensação mais urbana da que se pode encontrar nos bairros suburbanos de Green Bay.

"Nos dias de jogo, tudo vai bem aqui", disse Murphy. "A questão é o resto do ano. Será que é possível manter isso?"

--Com a colaboração de Eben Novy-Williams.

Repórteres da matéria original: Justina Vasquez em N York, jvasquez57@bloomberg.net;Patrick Clark em New York, pclark55@bloomberg.net