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Startup colombiana Rappi quer se tornar gigante

Ezra Fieser

03/10/2018 14h46

(Bloomberg) -- Para a Rappi, alcançar o status de unicórnio é só o começo.

O aplicativo latino-americano de entregas atingiu a avaliação mítica de US$ 1 bilhão no mês passado e se tornou a segunda startup colombiana a ultrapassar esse limiar. Mas os três amigos colombianos que fundaram a empresa não pensam parar para festejar. Em vez de vender suas participações, procurar comprador ou até mesmo se preocupar com ter lucro, eles estão pensando em algo maior.

"Hoje, a maioria das nossas transações é com restaurantes e mercados", disse Sebastián Mejía, presidente da Rappi e um de seus fundadores, em entrevista pelo telefone. "Mas existe uma oportunidade para construir a empresa de tecnologia mais importante que a América Latina já viu."

Armada com uma nova rodada de US$ 220 milhões em dinheiro, a empresa criada há três anos, que começou entregando pedidos de restaurantes em Bogotá, está de olho em novos mercados e em novos produtos, como serviços financeiros e processamento de pagamentos, disse Mejía.

Esse crescimento complementaria um exército de 20.000 entregadores que levam compras e quentinhas para clientes do México à Argentina. A Rappi já se diversificou, transportando produtos de varejistas, entre elas farmácias e papelarias. Ao todo, a Rappi tem parcerias com 50.000 empresas, disse Mejía.

Concorrência

Para continuar se expandindo, a Rappi terá que enfrentar uma forte concorrência. As 28 cidades onde opera já estão lotadas de rivais, desde empresas internacionais bem financiadas como a Uber Eats e a Postmates, que foi lançada no ano passado na Cidade do México, até startups como a iFood no Brasil.

Globalmente, os investidores injetaram US$ 6,2 bilhões em startups de entrega de compras e refeições neste ano, cerca de 32 por cento a mais do que foi levantando em 2017, segundo dados compilados pela empresa de pesquisa CB Insights. A mais recente rodada de financiamento da Rappi foi liderada pela DST Global, do bilionário Yuri Milner, um dos primeiros investidores do Facebook.

Mejía disse que a empresa ainda não marcou uma data para ganhar dinheiro, mas que isso poderia ocorrer ainda neste ano, se quisesse. Neste ano eles querem entrar em dois novos mercados, mas Mejía não disse quais.

Rappi, cujo nome vem da palavra rápido em espanhol, registrou um crescimento de 20 por cento ao mês nos negócios neste ano, disse Mejía. Além de entregas, os clientes podem usar o aplicativo para que os entregadores façam compras ou levem dinheiro vivo para eles, que depois é cobrado em um cartão de crédito.

Eles podem "pedir quase tudo o que quiserem, com um conceito excelente de aplicativo que fará a entrega em 30 minutos por um dólar", disse Mejía. A Rappi gera receita cobrando em média 17 por cento de cada transação de varejo, disse Mejía.

A empresa não ganha nada da taxa de entrega, que é em torno de um dólar. Essa taxa e as gorjetas ficam para os entregadores, que são contratados independentes. O acordo permite que a Rappi mantenha custos baixos.

A maioria dos entregadores trabalha de bicicleta, carregando mochilas laranjas em forma de cubo com o logotipo, um bigode do estilo do homem do jogo de tabuleiro "Monopoly". O logo, segundo Mejía, é uma homenagem aos mercadinhos, muito comuns nas cidades da América Latina.