Google abandona concorrência do Pentágono para serviço de nuvem
Naomi Nix
09/10/2018 12h58
(Bloomberg) -- O Google, da Alphabet, decidiu não competir pelo contrato de computação de nuvem do Pentágono, avaliado em US$ 10 bilhões, afirmando que o projeto pode conflitar com seus valores corporativos.
O projeto de nuvem, conhecido como Joint Enterprise Defense Infrastructure, ou Jedi, envolve a transferência de grandes quantidades de dados do Departamento de Defesa para um sistema de nuvem operado comercialmente. As empresas devem apresentar propostas para o contrato, que pode ter duração de até 10 anos, em 12 de outubro.
O anúncio do Google, na segunda-feira, se dá poucos meses depois de a empresa decidir não renovar contrato com um programa de inteligência artificial do Pentágono após grandes protestos de funcionários da gigante digital devido ao trabalho com os militares. A empresa, então, divulgou um conjunto de princípios destinado a avaliar que tipos de projetos de inteligência artificial buscaria.
"Não apresentaremos oferta pelo contrato da Jedi porque, em primeiro lugar, não podemos assegurar que se alinharia aos nossos princípios para a IA", disse um porta-voz do Google, em comunicado. "Em segundo lugar, verificamos que havia partes do contrato que estavam fora do escopo em relação a nossas certificações governamentais atuais."
O porta-voz acrescentou que o Google está "trabalhando para apoiar o governo dos EUA com nossa nuvem em vários aspectos".
A Tech Workers Coalition, que defende que os funcionários tenham voz nas decisões da empresa de tecnologia, afirmou em comunicado que a decisão do Google de se retirar da concorrência para o serviço de nuvem resultou de pressão "sustentada" dos trabalhadores do setor de tecnologia que "têm um poder significativo e estão cada vez mais dispostos a usá-lo".
O Google está por trás de outras empresas de tecnologia, como Amazon e Microsoft, no sentido de obtenção de autorizações do governo para segurança de nuvem que dependem da confidencialidade dos dados hospedados pelo serviço.
O contrato da Jedi atraiu interesse geral de empresas de tecnologia, que tentam alcançar a Amazon no florescente mercado de serviços em nuvem para o governo federal. As exigências finais do projeto foram divulgadas em julho após meses de campanha de lobby em Washington de empresas de tecnologia como Microsoft, International Business Machines e Oracle, que se opuseram aos planos do Pentágono de escolher apenas um vencedor para o projeto em vez de dividir o contrato entre vários fornecedores.
"Se o contrato da Jedi tivesse sido aberto a vários fornecedores teríamos apresentado uma solução convincente para algumas partes dele", disse o porta-voz do Google. "A Google Cloud acredita que uma abordagem com várias nuvens é do melhor interesse das agências do governo porque permite que elas escolham a nuvem certa para cada carga de trabalho."
Em relatório ao Congresso, o Departamento de Defesa afirmou que a realização de várias concessões por meio da lei de aquisições atual resultaria em um processo lento que "poderia impedir o Departamento de Defesa de oferecer rapidamente ao combatente novas capacidades e uma eficácia melhor do que a que pode permitir uma computação de nuvem de nível corporativo".
O departamento também afirmou que espera "manter contratos com vários provedores de nuvem para ter acesso a recursos especializados não disponíveis sob o contrato JEDI Cloud".
--Com a colaboração de Ben Brody e Josh Eidelson.