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Nem Tesla, nem Waymo, a inovação tecnológica está nos trens

Christopher Jasper

09/10/2018 12h45

(Bloomberg) -- O setor aéreo e o automotivo falam tanto em viagens sem condutor e em propulsão elétrica que pode até parecer que eles são os pioneiros na tecnologia de transporte. No entanto, as fabricantes de trens de todo o mundo estão introduzindo inovações que podem levar anos para chegar aos carros e aviões. As autoridades do setor ferroviário se reuniram recentemente na feira bienal Innotrans, em Berlim, para mostrar um futuro que já está acontecendo. Estes são alguns dos destaques.

Trens sem condutor

A tecnologia de veículos autônomos da Waymo, do Google, só chegará às ruas no ano que vem e ainda faltam anos para a chegada de aviões de passageiros sem piloto. No entanto, já existem trens autônomos em dezenas de sistemas de metrô e bonde, onde não há risco de colisão com outros serviços. Alguns exemplos são o Docklands Light Railway de Londres, o Metrô de Paris e os sistemas de transporte automatizado de pessoas SkyTrain e Plane Train do aeroporto Atlanta Hartsfield-Jackson, o mais movimentado do mundo.

Trens inteligentes

A manutenção preditiva é predominante no setor de aviação, onde motores a jato transmitem atualizações ao vivo sobre suas condições. A tecnologia também está se tornando uma característica do setor ferroviário, que usa desde escâneres que detectam áreas com trilhos desgastados e comunicam a posição às retificadoras até ares-condicionados que monitoram a variação dos níveis de dióxido de carbono para calcular o número de passageiros em cada vagão.

Locomotivas da General Electric transmitem dados de 200 parâmetros, a maioria ligados ao desempenho do motor, o que permite que os engenheiros determinem o que precisa ser consertado na próxima visita à oficina e providenciem a entrega das peças com antecedência.

Loops na moda

O setor ainda não está convencido sobre as tecnologias disruptivas, como a levitação magnética. A SNCF, a ferroviária estatal da França, é investidora do Hyperloop One, o projeto mais proeminente desse tipo, mas afirma estar mais interessada na abordagem de inovação e colaboração do empreendimento do que em qualquer aplicação imediata na rede ferroviária francesa. O sistema, baseado em um conceito apresentado por Elon Musk e agora financiado por Richard Branson, transportaria pessoas e cargas através de um sistema de tubos a cerca de 1.100 quilômetros por hora. Isso pode funcionar muito bem em um protótipo, mas ainda não existe evidência de que na prática possa transportar um contêiner através do oceano de Le Havre até Paris a cada 20 segundos, segundo a SNCF.

Mais rápido

Embora o foco do setor ferroviário esteja cada vez mais nas emissões e na eficiência, o aumento das velocidades máximas continua sendo uma questão importante. Por enquanto, os trens convencionais mantêm a supremacia. A Siemens apresentará seu conceito Velaro Novo, para um trem de alta velocidade de próxima geração, capaz de atingir 360 quilômetros por hora, contra o padrão atual de cerca de 300 quilômetros por hora, com entrada em serviço marcada para 2023.