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Setor de cargas aéreas mira aviões com apenas um piloto

Justin Bachman

10/10/2018 15h58

O setor aeroespacial e a inovação andam de mãos dadas desde Orville e Wilbur Wright. Os aviões já foram simples tubos de metal movidos por hélices. Voos de longo curso exigiam quatro motores e pelo menos três pilotos na cabine de comando o tempo todo.

Atualmente as aeronaves precisam ter apenas dois pilotos e são feitas principalmente de compósitos de carbono. Mesmo nas rotas mais longas -- de mais de 17 horas -- os órgãos reguladores permitem que as empresas aéreas operem com apenas dois motores.

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Considerando a natureza inexorável da evolução tecnológica, parece lógico esperar que em breve seja exigido apenas um único piloto. E além disso, considerando o advento da tecnologia de direção autônoma em terra e das aeronaves não tripuladas no ar, será que os aviões comerciais sem piloto estão muito distantes?

Diversas empresas, desde gigantes aeroespaciais como Boeing e Airbus até minúsculas start-ups, estão trabalhando em diversos aspectos de um quebra-cabeças difícil: como criar a próxima geração de viagens aéreas -- aquela em que os pilotos são menos onipresentes e uma série de novos veículos voadores se comunicam uns com os outros. E, mais importante, como tornar esse mundo tão seguro quanto o que temos agora.

Start-up constrói sistema para apenas um piloto

"Não é tão complicado quanto parece, nem é tão perigoso quanto parece", diz Elpert Hodge, vice-presidente-executivo da M2C Aerospace, uma start-up da Nova Inglaterra que trabalha na construção de um sistema de voo para operação de aeronaves comerciais com um só piloto.

A start-up espera atender o desejo das empresas aéreas de cortar custos e solucionar a escassez de pilotos, que já reduziu o serviço aéreo em algumas regiões. A tecnologia para conseguir isso provavelmente estará disponível em breve. O nível de conforto dos órgãos reguladores e dos cidadãos comuns quase certamente ficará para trás.

"Como mantemos os níveis de segurança que desfrutamos hoje, quando se tem um sistema baseado em inteligência artificial na cabine?", disse Greg Hyslop, diretor de tecnologia da Boeing, em setembro, em conferência no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "Como mostrar e certificar que é seguro a ponto de os passageiros dizerem 'sim, confio nisso'?"

Garantias de segurança são menores no setor de cargas

Mas para a indústria das cargas aéreas, em que os contêineres recheados de pacotes não exigem garantias de segurança, a perspectiva de operações com um só piloto -- e, futuramente, dos voos autônomos -- tem um atrativo definitivo, especialmente em áreas nas quais o crescimento das cargas aéreas pode superar a oferta de pilotos.

"Claramente, no caso do transporte de cargas, é possível prever aeronaves autônomas", disse Hyslop. "Mas vai levar muito mais tempo para que vejamos viagens com passageiros, se é que veremos." Isso, contudo, não importa para Wall Street. Os analistas de empresas aéreas já estão contando com os bilhões de dólares em economias que as empresas podem obter tirando os humanos do páreo.

"Ter menos de dois [pilotos] é buscar catástrofes", disse Lee Collins, presidente da Coalizão de Associações de Pilotos de Aviões, que representa mais de 30 mil pilotos, incluindo os da American Airlines e da UPS.