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China tem 50 milhões de residências vazias, um quinto do total

Bloomberg News

09/11/2018 12h07

(Bloomberg) -- O mantra do presidente da China, Xi Jinping, de que as casas existem para serem habitadas, está sendo ignorado, já que há dezenas de milhões de apartamentos e casas vazios em todo o país.

Uma pesquisa prestes a ser publicada mostrará que cerca de 22 por cento das moradias urbanas da China estão desocupadas, segundo o professor Gan Li, que dirige o principal estudo nacional. A fatia representa mais de 50 milhões de residências vazias, disse.

O cenário assustador para as autoridades é que os proprietários de imóveis desocupados corram para vender se começarem a aparecer brechas no mercado imobiliário, provocando uma espiral nos preços. Os dados mais recentes, de uma pesquisa de 2017, também sugerem que os esforços de Pequim para conter a especulação imobiliária -- considerada pelas autoridades uma das maiores ameaças à estabilidade financeira e social -- são insuficientes.

"Não há outro país com uma taxa de desocupação tão alta", disse Gan, da Universidade de Economia e Finanças do Sudoeste, em Chengdu. "Se surgir qualquer brecha no mercado imobiliário, a venda de casas atingirá a China como uma inundação."

Uma solução que o governo poderia usar é aplicar impostos sobre as propriedades ou sobre a desocupação para tentar conter o problema, mas nenhuma das opções parece iminente e alguns pesquisadores, incluindo Gan, afirmam que pode ser difícil determinar o que é, de fato, um imóvel desocupado.

Milhares de pesquisadores se espalharam por 363 condados no ano passado como parte da Pesquisa de Finanças Domésticas da China, supervisionada por Gan na universidade. A taxa de desocupação, que exclui residências ainda não vendidas pelas incorporadoras, pouco mudou em relação à leitura de 22,4 por cento de 2013, disse ele, por telefone, acrescentando que estava finalizando os dados para divulgação.

O estudo de 2013 mostrou que havia 49 milhões de residências vazias e, segundo Gan, o número atual "definitivamente supera 50 milhões de unidades".

A especulação imobiliária atormenta as autoridades chinesas há anos. Algumas cidades e províncias endureceram as restrições de compra e, como consequência, o dinheiro passou a inundar outras áreas. Devido aos aumentos desenfreados dos preços, milhões de pessoas acabam ficando de fora do mercado, o que amplia a desigualdade. Em outubro do ano passado, ficou famosa a declaração de Xi de que "as casas são construídas para serem habitadas, não para especulação".

As casas de veraneio e as residências vazias de migrantes que procuram trabalho em outros lugares representam parte das propriedades abandonadas, mas as compras para investimento são um dos principais motivos para que a taxa de desocupação continue alta, segundo Gan. A situação se mantém apesar das restrições aplicadas em todo o país para desencorajar a compra de várias propriedades.

Gan acredita que o governo planeja realizar uma pesquisa própria de maior porte em um ou dois anos. Entre as fontes alternativas de estimativas estão os dados de consumo elétrico da State Grid, que, segundo declarações de um ex-alto funcionário, Chen Xiwen, neste ano, mostram um nível de desocupação de 13 por cento em cidades de médio e grande porte. No mês passado, Qiu Baoxing, ex-vice-ministro da Habitação, disse que a taxa era de 10 por cento a 20 por cento em Pequim, acima dos níveis dos países que aplicam impostos à desocupação.

--Com a colaboração de Miaojung Lin.

To contact Bloomberg News staff for this story: Paul Panckhurst em Hong Kong, ppanckhurst@bloomberg.net;Emma Dong em Xangai, edong10@bloomberg.net