Facebook usou dados para premiar e punir rivais, mostram e-mails
(Bloomberg) — O Facebook usou dados de usuários como moeda de troca, fornecendo acesso quando esse compartilhamento podia estimular as pessoas a passar mais tempo na rede social - e impondo limites rígidos aos parceiros nos casos em que via uma possível ameaça competitiva, mostram e-mails.
Uma série de correspondências internas, publicada on-line na quarta-feira por legisladores do Reino Unido, mostra como os executivos do Facebook, incluindo o CEO Mark Zuckerberg, trataram as informações publicadas pelos usuários como uma commodity que poderia ser utilizada para cumprir metas empresariais. Aplicativos foram convidados a usar a rede do Facebook para crescer, desde que isso aumentasse o uso do Facebook. Certos concorrentes, em uma lista analisada pelo próprio Zuckerberg, não tinham permissão para usar as ferramentas e os dados do Facebook sem sua autorização pessoal.
No início de 2013, o Twitter lançou o serviço de compartilhamento de vídeos Vine, que utilizava uma ferramenta do Facebook que permitia que os usuários do Vine se conectassem com seus amigos do Facebook. Alertado sobre a possível ameaça competitiva por um engenheiro que recomendou cortar o acesso do Vine aos dados do Facebook, Zuckerberg respondeu sucintamente: "Sim, vá em frente."
Uma porta-voz do Twitter preferiu não comentar.
Em outros casos, Zuckerberg defendeu com eloquência o valor de conceder aos desenvolvedores de software mais acesso aos dados dos usuários, na esperança de que isso resultasse em aplicativos que, por sua vez, estimulariam as pessoas a fazer mais coisas no Facebook. "Estamos tentando possibilitar que as pessoas compartilhem tudo o que quiserem e que façam isso no Facebook", escreveu Zuckerberg em um e-mail de novembro de 2012. "Às vezes, a melhor maneira de possibilitar que as pessoas compartilhem alguma coisa é que um desenvolvedor crie um aplicativo ou uma rede específica para esse tipo de conteúdo e depois conectar o Facebook a esse aplicativo para que ele se torne social. No entanto, talvez isso seja bom para o mundo, mas não é bom para nós, a menos que as pessoas também compartilhem pelo Facebook e que esse conteúdo aumente o valor de nossa rede."
Os e-mails foram divulgados por um comitê de legisladores do Reino Unido que investiga o papel da rede social na disseminação de notícias falsas. Eles oferecem mais informações sobre como o Facebook conseguiu dominar as redes sociais e sua mentalidade sobre o valor dos dados dos usuários, que são fornecidos gratuitamente à empresa. O Facebook, que administra uma rede de mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, foi interrogado pelos reguladores sobre o alcance de seu poder e o efeito desse controle sobre a privacidade dos usuários, a disseminação de informações falsas e as eleições globais.
Os legisladores obtiveram os documentos depois de obrigar o fundador da empresa norte-americana Six4Three a entregá-los durante uma viagem de negócios a Londres, apesar do fato de estarem sob sigilo em um caso judicial na Califórnia.
O Facebook afirmou que a Six4Tree "selecionou documentos de anos atrás como parte de um processo para forçar o Facebook a compartilhar informações sobre os amigos de usuários do aplicativo. O conjunto de documentos conta deliberadamente apenas um lado da história e omite contexto importante." Em publicação na quarta-feira, o Facebook afirmou que vai "defender as mudanças feitas na plataforma em 2014/2015, que impediram que as pessoas compartilhassem informações de seus amigos com desenvolvedores" como os da Six4Three. O Facebook afirmou que "os fatos são claros: nunca vendemos os dados das pessoas".
Damian Collins, chefe do comitê que divulgou os documentos, havia dito na semana passada que iria publicar os e-mails e que podia fazer isso de acordo com a lei do Reino Unido.
—Com a colaboração de Aoife White e Natalia Drozdiak.
Repórteres da matéria original: Nate Lanxon em Londres, nlanxon@bloomberg.net;Sarah Frier em San Francisco, sfrier1@bloomberg.net
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