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Primeira vacina do mundo para abelhas tenta salvar polinizadores

Kati Pohjanpalo

06/12/2018 16h09

(Bloomberg) -- Um número cada vez maior de abelhas morre todos os anos devido a pesticidas, habitats em extinção, má nutrição e mudanças climáticas, e as consequências disso poderiam ser desastrosas para a agricultura e a diversidade natural.

Agora, cientistas da Universidade de Helsinque desenvolveram a primeira vacina comestível contra infecções microbianas, na esperança de salvar pelo menos alguns polinizadores.

"Pode ser que agora estejamos em um ponto crítico, mesmo sem perceber", disse Dalial Freitak, principal cientista do projeto, em uma entrevista na quarta-feira. "Passamos muito tempo considerando que os serviços de polinização estavam garantidos. Mas esses insetos não estão lá, eles estão desaparecendo."

A primeira vacina protege as abelhas da loque americana, uma doença presente em todo o mundo que pode matar colônias inteiras e cujos esporos podem permanecer viáveis durante mais de 50 anos. A tecnologia poderia ser usada futuramente para combater doenças fúngicas e outras infecções bacterianas.

A vacina é ministrada por meio de uma tortinha comestível de açúcar que fica suspensa na colmeia para que a rainha a consuma durante sete a dez dias. Depois de ingerir os patógenos a rainha é capaz de provocar uma resposta imunológica em sua descendência, gerando uma colmeia inoculada.

Ainda é preciso trabalhar muito na vacina para que ela se torne comercialmente disponível. Os cientistas precisam garantir que ela seja segura para o meio ambiente, para as próprias abelhas e para os seres humanos que consomem o mel. Os obstáculos regulatórios levarão anos para serem resolvidos. Também é cedo para estimar quanto os apicultores terão que pagar para comprar colmeias inoculadas, disse Freitak.

As culturas que não precisam de polinização, como batata, arroz e trigo, também podem se beneficiar de um número maior de abelhas, mas os frutos ricos em vitaminas, como maçã, tomate e cítricos, não produzem sem as abelhas, disse Freitak.

"Esse é um problema que realmente afeta todos nós", disse ela. "Temos que começar a abordá-lo por todos os lados."