Prisão de diretora da Huawei no Canadá gera indignação na China
(Bloomberg) -- A diretora financeira da Huawei Technologies foi presa no Canadá por possíveis violações das sanções dos EUA ao Irã, provocando indignação da China e complicando as negociações comerciais espinhosas em um momento em que elas estão entrando em um ponto crítico.
Wanzhou Meng -- que também é vice-presidente e filha do fundador da Huawei -- enfrenta extradição para os EUA, disse Ian McLeod, porta-voz do Departamento de Justiça do Canadá, que preferiu não dar detalhes. Ela foi presa em 1º de dezembro depois que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação em abril para determinar se a principal fabricante de equipamentos de telecomunicações vendeu equipamentos para o Irã apesar das sanções às exportações para a região.
A notícia da prisão de Meng provocou fortes protestos da embaixada chinesa no Canadá, que a qualificou de violação dos direitos de seus cidadãos e exigiu que os EUA e seu vizinho "retificassem as irregularidades" e libertassem Meng. A prisão dela certamente aumentará as tensões entre Washington e Pequim, poucos dias depois de as duas maiores economias do mundo terem acordado uma trégua em seu crescente conflito comercial. O pai de Meng, Ren Zhengfei, ex-engenheiro do Exército, ganhou fama na China por ter superado a Apple em smartphones e transformado uma revendedora de produtos eletrônicos em produtora de equipamentos de rede com receita superior à da Boeing. Ele é citado como um dos principais executivos da China e foi um dos 100 líderes empresariais homenageados por suas contribuições no 40º aniversário de abertura da economia do país. Sua importância no plano nacional pode ser comparada à de Bill Gates ou de Michael Dell nos EUA.
A prisão da diretora financeira -- no mesmo dia em que Donald Trump e Xi Jinping jantaram em Buenos Aires -- provavelmente será considerada um ataque contra um dos maiores campeões corporativos da China. A Alibaba Group Holding e a Tencent Holdings dominam as manchetes graças ao crescimento chamativo e aos fundadores bilionários de alto perfil, mas a empresa de Ren é de longe a empresa de tecnologia mais global da China, com operações na África, Europa e Ásia.
Tensões
Em entrevista coletiva marcada regularmente nesta quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, reiterou que a China quer que os EUA e o Canadá "esclareçam os motivos da prisão, libertem a detida e protejam seriamente os direitos e interesses legítimos da pessoa envolvida".
As ambições da Huawei abrangem desde a inteligência artificial e a fabricação de chips até as redes sem fio de quinta geração. Esse último esforço, um enorme avanço para o futuro das comunicações móveis e pela Internet, gera preocupação nos EUA e passou a ser um ponto central nas tentativas do país de conter a ascensão da China. As ações de várias de suas fornecedoras, como Sunny Optical Technology, Largan Precision e MediaTek, caíram.
--Com a colaboração de Kevin Hamlin, Alistair Barr e Peter Martin.
Repórteres da matéria original: Joshua Wingrove em Ottawa, jwingrove4@bloomberg.net;Natalie Obiko Pearson em Vancouver, npearson7@bloomberg.net;Mark Gurman em San Francisco, mgurman1@bloomberg.net
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