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Empresa de biotecnologia dispara depois de retorno a Tóquio

Yoojung Lee e Simone Foxman

07/12/2018 13h46

(Bloomberg) -- Toru Kawanishi e Keita Mori se conheceram em Tóquio enquanto estudavam bioquímica, mas mudaram-se para o Vale do Silício para lançar sua empresa, apostando que seria mais fácil realizar testes clínicos de seus produtos nos EUA.

Suas ideias eram ambiciosas.

A SanBio, fundada em 2001, tentava usar células-tronco para restaurar a função em pessoas que sofrem de traumatismo cranioencefálico, lesões da medula espinhal e distúrbios neurológicos, como Alzheimer, Parkinson e derrame.

Agora, depois de 17 anos e do retorno ao Japão para tirar proveito de um regime regulatório mais acomodatício, a dupla ficou rica. Em 1º de novembro, a SanBio divulgou os resultados de um ensaio clínico de fase 2 que mostrou que pacientes com traumatismo cranioencefálico obtiveram melhora estatisticamente significativa na função motora quando tratados com as células SB623 da empresa em comparação com um grupo controle. Com a notícia, as ações subiram 155 por cento e a empresa agora é a mais valiosa no mercado Mothers da Bolsa de Valores de Tóquio.

"Os mercados-alvo deles são bastante grandes e eles estão lidando com uma clara necessidade médica não atendida", disse Praveen Kumar, gestor de fundos especializado em ações japonesas da Baillie Gifford & Co. e que comprou uma participação na SanBio há cerca de três anos. Ele continua vendo um "enorme potencial" para as ações.

O sucesso da SanBio incrementou a fortuna pessoal de seus fundadores. Kawanishi, agora presidente executivo, detém uma participação de 25 por cento que faz dele um bilionário, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. Mori possui 12 por cento, no valor de US$ 500 milhões, segundo documentos.

O sucesso da SanBio reflete avanços drásticos na ciência genética e grandes mudanças na regulamentação desde sua fundação. Os cientistas descobriram que podem modificar células-tronco de um doador saudável e reintroduzi-las em outra pessoa, criando a possibilidade de produção em massa para a medicina regenerativa. As células da SanBio são injetadas no cérebro e parecem estimular o corpo a se regenerar.

Kawanishi e Mori transferiram o escritório principal da SanBio de volta para o Japão em 2013, antecipando mudanças na lei farmacêutica do país que criariam um dos regimes regulatórios mais favoráveis do mundo. A empresa ainda mantém um escritório em Mountain View, na Califórnia.

Com base nos resultados do ensaio clínico, a SanBio pretende solicitar a aprovação da comercialização no Japão até janeiro de 2020. Neste mês, a companhia garantiu um compromisso de empréstimo de 2 bilhões de ienes (US$ 17,8 milhões) da Mitsubishi UFJ Financial Group para fabricação, logística e vendas do medicamento.

A China adotou um caminho semelhante no ano passado ao anunciar novas regras, na tentativa de acelerar a aprovação de medicamentos e dispositivos médicos. Isso resultou no rápido surgimento de diversos novos bilionários.

Kumar disse que conheceu a diretoria da SanBio quando eles estavam se mudando para Tóquio.

"Nós gostamos da equipe de gestão, de sua visão de longo prazo para a empresa e da ciência por trás de sua abordagem para desenvolver este tratamento", disse ele. "Eles estão empenhados em desenvolver uma cura real para uma condição médica", não um tratamento que apenas melhore a qualidade de vida.

Repórteres da matéria original: Yoojung Lee em Seul, ylee504@bloomberg.net;Simone Foxman em Nova York, sfoxman4@bloomberg.net