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Carlos Ghosn e Nissan são indiciados no Japão

Kae Inoue e Ma Jie

10/12/2018 12h52

(Bloomberg) -- Carlos Ghosn e a Nissan Motor foram indiciados nesta segunda-feira no Japão por subestimar a renda do alto executivo da empresa automotiva em US$ 43 milhões, em mais um passo dos promotores de Tóquio na investigação criminal que abalou a indústria automobilística mundial.

O ex-diretor representante da Nissan, Greg Kelly, também foi indiciado, três semanas depois que ele e Ghosn foram presos no Japão e acusados de crimes financeiros.

De acordo com o sistema japonês, o indiciamento possibilita que os promotores instaurem acusações formais. Embora um detento possa pedir uma fiança, Ghosn - que foi demitido da presidência da Nissan logo após sua prisão em 19 de novembro - provavelmente permanecerá atrás das grades porque ele também foi preso novamente com novas alegações de subestimação de renda, relativas a outro período, disseram os promotores em Tóquio nesta segunda-feira.

No primeiro sinal de repercussões negativas do escândalo para a Nissan, a empresa também foi indiciada por violar a legislação de instrumentos financeiros e câmbio do Japão ao subdeclarar a remuneração de Ghosn, disseram os promotores. A fabricante de automóveis agora está implicada no escândalo que envolve Ghosn, depois de ter acusado o executivo de 64 anos de violar a declaração de renda e de usar indevidamente ativos da empresa - inclusive casas pertencentes à Nissan - após uma investigação interna.

A surpreendente prisão de Ghosn aumentou as tensões entre a Nissan e a parceira Renault, cuja aliança de automóveis - a maior do mundo - foi mantida pelo executivo durante quase duas décadas. Embora a Renault tenha nomeado um substituto provisório após a prisão, Ghosn tecnicamente continua sendo o presidente e CEO da fabricante de veículos francesa, que procura mais informações e evidências sobre as acusações.

As acusações desta segunda-feira realizadas pelo escritório do promotor não mencionaram as casas nem o uso indevido de dinheiro da empresa. Ghosn nega as acusações, disseram seus advogados anteriormente, em meio a um vazamento contínuo em vários meios de comunicação sobre seus supostos delitos, incluindo a transferência de seus prejuízos comerciais para a fabricante de automóveis.

Ghosn foi indiciado por subestimar seu salário em 4,8 bilhões de ienes (US$ 43 milhões) durante o período de cinco anos terminado em março de 2015, e a nova detenção foi por supostamente ter subdeclarado a renda em 4,2 bilhões de ienes no período de três anos terminado em março de 2018, disseram os promotores.

A Nissan afirmou que leva os indiciamentos "extremamente a sério" e que fortalecerá sua governança corporativa e compliance. A empresa irá apresentar declarações financeiras alteradas para períodos anteriores quando tiver finalizado as correções relacionadas à remuneração de Ghosn.

A Nissan, que tem sede em Yokohama, no Japão, enfrenta uma multa potencial de não mais que 700 milhões de ienes. As ações da Nissan caíram 2,9 por cento em Tóquio e recuaram 6 por cento desde a prisão de Ghosn.

Repórteres da matéria original: Kae Inoue em Tóquio, kinoue@bloomberg.net;Ma Jie em Tóquio, jma124@bloomberg.net