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Partida de CEO da Bunge abre caminho para Glencore, ADM: Fonte

Mario Parker e Javier Blas

10/12/2018 12h50

(Bloomberg) -- A Bunge deve anunciar a saída de seu presidente, retirando um obstáculo ao avanço das negociações com potenciais compradores. A informação é de uma pessoa a par do assunto que pediu anonimato.

A partida iminente de Soren Schroder, que vinha resistindo a investidas de empresas interessadas, ocorre um mês após a gigante agrícola chegar a um acordo com investidores ativistas para tentar melhorar seu desempenho. A Bunge se recusou a comentar.

A Bunge penou durante anos de queda dos preços de commodities agrícolas e, mais recentemente, sofre com a guerra comercial entre EUA e China. De acordo com a fonte, a empresa agora está aberta a retomar negociações com Glencore e Archer-Daniels-Midland.

A ADM e uma subsidiária da Glencore discutiram a possibilidade de fusão com a Bunge em 2017 e também no começo deste ano, mas não chegaram a um acerto. Embora a Bunge não esteja agindo ativamente para reiniciar negociações, essa pessoa explica que o fato de não planejar nomear um novo presidente imediatamente cria oportunidade para concorrentes abordarem a companhia, que tem 200 anos de existência.Glencore e ADM se recusaram a comentar.

Na sexta-feira, o Wall Street Journal noticiou o plano de tirar Schroder do comando. A Bunge pretende buscar o substituto interna e externamente e esse processo não tem prazo fixo, segundo a fonte.

Pouco conhecida fora do agronegócio, a Bunge é o "B" do grupo "ABCD" de empresas que dominam o setor há mais de um século. ADM, Cargill e Louis Dreyfus completam o quarteto. Um acordo envolvendo a Bunge causaria a maior reviravolta no grupo em uma geração.

O valor de mercado da Bunge está em US$ 8,3 bilhões, metade do que estava no auge, em 2008. A ADM vale US$ 25 bilhões. A Glencore não informa o valor de sua divisão agrícola desde a venda de uma participação de 49 por cento para dois fundos de pensão canadenses por US$ 3,1 bilhões, em 2016.

No final de outubro, a Bunge chegou a um acordo com D.E. Shaw e Continental Grain sob o qual aceitou trazer novos diretores e iniciar uma revisão estratégica ? medidas que frequentemente precedem uma venda. Sediada em White Plains, cidade-dormitório próxima a Nova York, a Bunge é alvo de especulações sobre uma possível aquisição há 18 meses. Seu principal produto, a soja, caiu na linha de fogo da guerra comercial.

O presidente da Continental, Paul Fribourg, ficou encarregado da revisão. O comitê estratégico tem mandato de buscar "potenciais fusões, aquisições, desinvestimentos e outras transações estratégicas", de acordo com documentação submetida a autoridades reguladoras nos EUA.

Schroder assumiu o posto em meados de 2013. Na ocasião da revisão, ele afirmou em entrevista que o comitê faria uma análise completa e que a Bunge estava aberta a maneiras de colaboração e à criação de joint ventures, especialmente no ramo de grãos.

"Os desafios permanecem em determinadas partes do negócio", disse Schroder na época. "São estruturais, são setoriais e precisamos encontrar uma maneira de tratá-los."

Acionistas da Bunge têm noção do que vem pela frente."A companhia está à venda?", perguntou um analista de Wall Street durante a teleconferência referente aos resultados do terceiro trimestre. Schroder respondeu que o comitê "dará uma nova olhada em tudo".

Repórteres da matéria original: Mario Parker em Chicago, mparker22@bloomberg.net;Javier Blas em Londres, jblas3@bloomberg.net