Apple corta perspectiva de receita por queda de demanda na China
(Bloomberg) -- A Apple reduziu suas perspectivas de receita pela primeira vez em quase duas décadas, citando uma demanda mais fraca na China, provocando uma queda das ações das fornecedoras asiáticas e uma onda de metas de preços mais baixos em Wall Street.
O CEO da companhia, Tim Cook, disse que as vendas serão de cerca de US$ 84 bilhões no trimestre encerrado em 29 de dezembro, contra estimativas anteriores de US$ 89 bilhões a US$ 93 bilhões. A Apple registrou vendas de US$ 88,3 bilhões no primeiro trimestre fiscal um ano antes, por isso a nova previsão significaria que a Apple está reportando uma desaceleração no trimestre de fim de ano pela primeira vez desde que Cook se tornou CEO em 2011.
O anúncio, feito em uma carta de Cook aos investidores, ocorre após semanas de sinais provenientes de dentro da Apple e de sua cadeia de suprimentos que sugeriam que a empresa com sede em Cupertino, Califórnia, estava tendo dificuldades para vender os mais novos iPhones, lançados em setembro. O carro-chefe da Apple representa cerca de dois terços de sua receita e permite que a empresa gere mais dinheiro com produtos como Apple Watch, AirPods e serviços como a Apple Music.
"Embora tivéssemos previsto alguns desafios nos principais mercados emergentes, não previmos a magnitude da desaceleração econômica, particularmente na Grande China", escreveu Cook. A Grande China, região que inclui a China Continental, Hong Kong e Taiwan, foi responsável pela maior parte da queda da receita, mas as novas versões do iPhone também não foram tão fortes quanto a empresa projetava em alguns mercados desenvolvidos, disse Cook.
Ações em queda
"O fato de eles não terem atingido essa meta não foi o que surpreendeu", disse Daniel Ives, analista da Wedbush Securities. "Foi a magnitude disso e o quanto tudo se confinou à China. O fato de que a China basicamente tenha caído de um penhasco foi o que deixou todos boquiabertos e, junto com a falta de métricas, isso faz com que os investidores sintam que estão andando de olhos vendados no escuro".
Os fornecedores da Europa e da Ásia caíram após a divulgação da notícia. As ações da AMS, que produz sensores ópticos para telefones celulares, caíram 19,4 por cento em Zurique, e as da Dialog Semiconductor, que fabrica componentes de gerenciamento de energia, chegaram a cair 8,5 por cento em Frankfurt.
Várias fornecedoras importantes da Apple no exterior cortaram suas estimativas de receita nos últimos meses, sugerindo que algo estava errado. Em novembro, a empresa informou que deixaria de informar as vendas unitárias de iPhones, iPads e Macs a partir do ano fiscal de 2019. Isso despertou a preocupação de que a Apple quisesse evitar divulgar números de crescimento fracos. As ações da Apple caíram 32 por cento desde o pico de outubro até o encerramento de US$ 157,92 na quarta-feira, em meio a preocupações crescentes com o iPhone.
O CEO atribuiu grande parte do "déficit" da empresa em sua perspectiva às dificuldades na China, que ele atribuiu à economia e às "crescentes tensões comerciais" com os EUA.
"À medida que o clima de incerteza crescente foi pesando sobre os mercados financeiros, os efeitos pareceram atingir os consumidores também e o movimento em nossas lojas de varejo e em nossos parceiros de canal na China foi caindo no decorrer do trimestre", disse Cook.
--Com a colaboração de Jenny Leonard e Stefan Nicola.
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