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Após 4 bons anos, setor automotivo vê queda de vendas nos EUA

David Welch e Keith Naughton

04/01/2019 16h40

(Bloomberg) -- Nos EUA, as montadoras tiveram um longo período de vendas recordes e lucros generosos. Neste ano, parece que a festa vai acabar.

Os juros estão em alta. O preço médio de um veículo novo é o maior até hoje, o que afasta alguns potenciais compradores desse mercado. E o aumento acima do esperado nas vendas em 2018 foi influenciado pelas compras feitas por locadoras de automóveis.

O corte de impostos promovido pelo presidente Donald Trump também ajudou a sustentar a demanda em 2018, especialmente no caso de empresas que ampliaram frotas. No entanto, a queda registrada pela General Motors no quarto trimestre sinaliza que o ânimo esfriou.

No período, as entregas feitas pela maior montadora americana recuaram no ritmo mais acentuado de todo o ano passado, sugerindo enfraquecimento da demanda, disse Charlie Chesbrough, economista sênior da Cox Automotive, que prevê desaceleração adicional das vendas em 2019. "Para algumas montadoras, a freada já começou", disse ele.

A própria Ford Motor tem uma visão parecida sobre 2019, citando especialmente o esvaziamento do impacto do corte de impostos. "Tivemos uma tendência de declínio gradual no varejo mesmo com as mudanças tributárias", disse Emily Kolinski Morris, economista-chefe da Ford. "Esse é o tipo de trajetória que esperamos, diante de contínuas influências negativas da economia."

O ritmo anualizado de vendas em dezembro avançou para 17,6 milhões de veículos, segundo a firma de pesquisas Autodata, superando a estimativa média dos analistas, de 17,3 milhões. Os resultados da Ford e da Fiat Chrysler Automobiles ficaram abaixo do previsto, mas os da Toyota Motor, Honda Motor e Nissan Motor surpreenderam positivamente.

Pelos cálculos da Toyota, as vendas totais no mercado americano recuarão para quase 17 milhões de veículos, informou Jack Hollis, gerente geral na América do Norte. No ano passado, foram 17,3 milhões.

Jamie Albertine, analista sênior da Consumer Edge Research, prevê queda ainda maior para aproximadamente 16,5 milhões em 2019. As compras para ampliação de frotas aumentaram 10 por cento no ano passado e essa situação não terá continuidade, segundo ele. Locadoras de veículos vão limitar o número de veículos nos pátios e compradoras do segmento comercial dificilmente obterão novos benefícios tributários. A demanda dos consumidores também piorou e não sustentará a marca de 17 milhões de unidades atingida por quatro anos consecutivos.

Executivos do setor automotivo avisam que as vendas não vão desabar neste ano. O desemprego está baixo e a confiança dos consumidores anda firme, argumentou Scott Keogh, presidente da Volkswagen of America, que projeta vendas ao redor de 17 milhões em 2019. Além disso, a gasolina está barata, no menor preço desde julho de 2017.

O maior problema é a incerteza. Os consumidores estão vendo os juros subindo e preocupados com a volatilidade no mercado acionário, enfatizou Keogh em teleconferência com jornalistas.

"Quando o noticiário afirma que o mercado sofreu a pior queda desde 2008, a confiança do consumidor se abala", disse ele.

Repórteres da matéria original: David Welch em Southfield, dwelch12@bloomberg.net;Keith Naughton em Southfield, knaughton3@bloomberg.net