Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Mercados imobiliários da Ásia entram na recessão global

Shawna Kwan, Emma Dong e Pooja Thakur

04/01/2019 15h06

(Bloomberg) -- A Ásia está finalmente sucumbindo à desaceleração imobiliária global que abalou proprietários e investidores de Vancouver a Londres, com os mercados de Cingapura, Hong Kong e Austrália dando novos sinais de enfraquecimento.

As ramificações econômicas podem ser sérias. A queda dos preços das residências e o aumento das taxas das hipotecas não prejudicam apenas a confiança do consumidor, mas também a renda disponível, afirmou a S&P Global Ratings em relatório no mês passado. Um declínio simultâneo dos preços das residências a nível global poderia provocar "instabilidade financeira e macroeconômica", afirmou o FMI em estudo divulgado em abril.

Embora cada cidade da região tenha características diferentes, existem alguns denominadores comuns: aumento do custo de empréstimos, mais regulamentações governamentais e mercados de ações voláteis. Há também uma demanda cada vez menor de uma força muito poderosa que levou os preços a baterem recordes em muitos lugares -- compradores chineses.

"Como a economia da China está afetada pela guerra comercial, os fluxos de saída de capital se tornaram mais complicados, o que enfraqueceu a demanda em mercados como Sidney e Hong Kong", disse Patrick Wong, analista imobiliário da Bloomberg Intelligence.

Hong Kong, Cingapura

Depois de um rali de quase 15 anos que tornou Hong Kong conhecida por ter o mercado imobiliário menos acessível do mundo, os preços das casas receberam um golpe.

Os valores na cidade caíram por 13 semanas seguidas desde agosto, a série mais prolongada de quedas desde 2008, segundo dados da Centaline Property Agency. Preocupações com o aumento do custo dos empréstimos e com um imposto de vacância iminente contribuíram para o recuo.

Os preços das residências em Cingapura, que geralmente está entre os lugares mais caros do mundo para morar, registraram a primeira queda em seis trimestres nos três meses encerrados em dezembro. As residências de luxo foram as mais atingidas, com valores nas áreas nobres afundando 1,5 por cento.

As políticas do governo são as principais culpadas. Medidas de resfriamento implementadas inesperadamente em julho incluíram impostos residenciais mais altos e regras mais rígidas para a proporção entre empréstimos e valores das casas. Restrições adicionais introduzidas posteriormente incluíram o número de apartamentos "caixas de sapatos" e regras contra lavagem de dinheiro que impuseram uma carga administrativa adicional aos incorporadores imobiliários.

Sidney

Os moradores de Sidney começaram a se perguntar -- qual será o tipo de consequência econômica que vai ocorrer com a destruição de riqueza produzida pela pior queda dos valores dos imóveis desde o fim da década de 1980?

O valor médio das residências na cidade portuária caiu 11,1 por cento desde o pico de 2017, segundo dados da CoreLogic divulgados na quarta-feira -- superando a queda total de 9,6 por cento ocorrida quando a Austrália estava prestes a entrar em sua última recessão.

Embora os preços ainda sejam cerca de 60 por cento mais altos do que em 2012, o que significa que poucos proprietários agora estão realmente tendo prejuízo, as previsões dos economistas de uma queda adicional de 10 por cento estão fazendo com que investidores nervosos pensem duas vezes antes de fazer gastos desnecessários.

O banco central também receia que uma desaceleração prolongada afete o consumo e como o Partido Trabalhista, o principal partido opositor, promete reduzir os benefícios fiscais para investidores imobiliários se vencer uma eleição agendada para maio, a confiança provavelmente será atingida ainda mais.

Repórteres da matéria original: Shawna Kwan em Hong Kong, wkwan35@bloomberg.net;Emma Dong em Xangai, edong10@bloomberg.net;Pooja Thakur em Cingapura, pthakur@bloomberg.net