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Desafio de supermercados favorece venda on-line de carne nos EUA

Larissa Zimberoff

07/01/2019 12h58

(Bloomberg) -- A culinária de origem vegetal foi uma das maiores tendências alimentares de 2018. Ao mesmo tempo, as vendas de carne bovina foram enormes. A Nielsen informou que a carne bovina registrou a maior mudança em vendas nos EUA dos últimos anos, com quase 11 por cento a mais de quilos vendidos em 2018 do que em 2015. O consumo de carne bovina deve continuar subindo, para 26,67 quilos por pessoa em 2019, 2,8 por cento mais que no ano passado, de acordo com as projeções da Cattle Site.

Embora 55 por cento dos americanos continuem comprando carne em supermercados, um segmento crescente está recorrendo à internet para encontrar produtos mais especializados. As compras on-line de carnes pularam de 4 por cento em 2015 para 19 por cento em 2018. Há três razões principais: os consumidores estão procurando um produto de maior qualidade, sustentável e rastreável.

Assim, embora varejistas tradicionais como Kroger, Albertsons e até mesmo a Whole Foods tenham feito pouco para inovar - mudar o rumo de uma rede tradicional é um processo lento -, os consumidores agora estão a um clique da melhor carne e dos cortes mais especializados, com o ápice da ostentação marmorizada, wagyu, à frente da empreitada. As pesquisas no Google por "carne wagyu" mais que triplicaram nos últimos quatro anos.

"Há poucos anos, consumidores e pecuaristas nos perguntavam constantemente o que é wagyu. Essa época parece ter ficado para trás", diz George Owen, diretor executivo da American Wagyu Association.

O árbitro da qualidade da carne nos EUA há muito tempo é o Departamento de Agricultura. A classificação máxima dessa agência governamental é "USDA prime", que vem de bovinos de corte jovens (tradicionalmente alimentados com grãos) com marmoreio abundante. Mas não há muito dessa carne em um supermercado qualquer do país. O açougue da maioria dos supermercados oferece o básico (com eventuais cortes orgânicos, alimentados com capim ou sem antibióticos) e o freezer é abastecido com cortes comuns, como carne moída e alcatra.

"Os supermercados têm dificuldade em modificar apresentações para cada categoria de consumidor e, em vez disso, se atêm a uma opção genérica. O mais importante é que não existe mais um único consumidor de carne", diz Anne-Marie Roerink, especialista em varejo de alimentos da 210 Analytics. O preço dita as compras de carne em loja 33 por cento das vezes; o aspecto chega a 26 por cento, de acordo com sua pesquisa Power of Meat de 2018.

"No fim das contas, trata-se de limitar o encolhimento, que é a porcentagem de itens que não são vendidos, e maximizar as vendas", diz ela. O encolhimento é um problema que as lojas virtuais podem ignorar, porque os produtos enviados estão congelados.

Em sua pesquisa, Roerink informou que 53 por cento dos consumidores compram carne no supermercado por causa da velocidade e da praticidade desta opção. Quando fazemos compras pela internet, podemos passar horas investigando as minúcias da criação de animais, dos perfis de sabor e dos métodos de cocção.

Contar com produtos de nicho no estoque, como wagyu, é difícil para os supermercados, diz Darren Seifer, diretor executivo da empresa de pesquisa de mercado NPD Group. "O espaço é limitado e tudo precisa sair das prateleiras", diz ele. "No caso das lojas virtuais, tudo se resume ao que sua distribuição pode administrar."