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Governo do México reprime roubos de gasolina e escassez aumenta

Amy Stillman

08/01/2019 14h49

(Bloomberg) -- O novo governo do México tem procurado tranquilizar os consumidores preocupados assegurando que seu plano contra o roubo de combustível está funcionando em um momento em que os carros esperaram horas para abastecer durante o fim de semana e caminhões-pipa de gasolina lotam os portos congestionados.

O presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, disse na segunda-feira que seu plano para reduzir as canalizações ilegais nos oleodutos feitas pelos chamados "huachicoleros", ou ladrões de combustível, usando mais caminhões-pipa para transportar combustível e aumentando a fiscalização dos oleodutos, estava avançando e que os oleodutos estavam sendo reabertos.

Os estados do México, Hidalgo, Jalisco, Michoacán, Guanajuato e Querétaro registraram grandes atrasos na distribuição de combustível no fim de semana, informou a Petróleos Mexicanos. A empresa aconselhou os consumidores a evitarem a "compra em pânico", enquanto tentava reforçar a distribuição de combustível até 20 por cento nos estados afetados no sábado, e reabriu o oleoduto Salamanca-León no domingo.

A escassez de gasolina foi agravada por gargalos nos portos e pela deficiente infraestrutura de armazenamento de combustível da Pemex, o que levantou dúvidas sobre a estratégia do governo. Pajaritos, o principal terminal de importação de combustível do país, foi fechado intermitentemente nos últimos meses devido ao mau tempo, o que provocou uma grande acumulação de navios de combustível esperando para descarregar. A demanda sazonalmente alta de gasolina é uma tensão adicional.

Ixchel Castro, analista sênior da consultora de energia Wood Mackenzie, disse que, embora a expectativa seja de que as mudanças na política afetem a distribuição no curto prazo, o momento escolhido é problemático.

"A boa notícia de tudo isso é que o novo governo tem uma estratégia para combater os huachicoleros porque esse é um dos maiores problemas que afetam o mercado neste momento", disse Castro, em entrevista por telefone da Cidade do México. "O problema é que isso coincidiu com o mês em que a demanda de gasolina é a mais alta do ano e os níveis dos estoques nos terminais não são particularmente elevados."

O roubo de combustível dos oleodutos da Pemex disparou nos últimos anos e agora representa uma prática de US$ 3,5 bilhões por ano. A Pemex informou 41 canalizações ilegais de oleodutos por dia nos primeiros 10 meses de 2018, um aumento de 45 por cento em comparação com o mesmo período do ano anterior. Varejistas internacionais de gasolina como a BP e a Total enfrentam uma escassez de gasolina causada pelos roubos desde o fim do ano passado, porque seus postos de combustível no México são abastecidos pela Pemex.

O governo conseguiu reduzir as canalizações nos oleodutos e evitar um "gasolinazo", ou disparada do preço do combustível, no início do ano, mas os analistas estão céticos.

São "os primeiros dias do novo governo, por isso é muito difícil dizer se essa medida será produtiva", disse Robert Campbell, diretor de pesquisa de produtos de petróleo na Energy Aspects, acrescentando que é mais provável que a estabilidade de preços seja resultado da queda dos preços internacionais. "Há muito trabalho a ser feito."