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Na briga com Tesla, Daimler lança caminhão pesado sem motorista

Christoph Rauwald

08/01/2019 15h51

(Bloomberg) -- A Daimler começará a vender um caminhão pesado nos EUA capaz de frear, acelerar e guiar sozinho em qualquer velocidade. A novidade coincide com o lançamento do Semi pela líder em carros elétricos Tesla, que aumentará a competição entre veículos movidos a diesel e a bateria em um momento de esperada piora na demanda na América do Norte.

O próximo passo na automação pode ajudar transportadoras a lidar com o ritmo maior de entregas por causa do comércio eletrônico, que tem como agravante a escassez de motoristas. No entanto, os investimentos para superar obstáculos técnicos são enormes.

O Freightliner Cascadia, que roda com motor de combustão, também vem com recurso para se manter na pista e combina informações de radares e câmeras, chegando a uma tecnologia parcialmente autônoma. O anúncio foi feito na segunda feira pela Daimler durante a exposição CES, em Las Vegas. Para manter a liderança sobre rivais como Volvo e Paccar, a montadora pretende oferecer dentro de uma década veículos bastante autônomos, que não requerem motorista para percorrer as mesmas rotas.

Esses veículos vão aumentar a segurança e o desempenho logístico, segundo o diretor da divisão de caminhões da Daimler, Martin Daum.

O sucesso na América do Norte é essencial para a unidade de veículos comerciais da empresa expandir vendas e lucros após o total global passar de 500.000 unidades no ano passado, o maior em uma década.

Há anos, a divisão de caminhões da Daimler tenta elevar o retorno para patamares superiores aos alcançados por montadoras menores, que têm menos escala. Agora, a empresa também enfrenta despesas maiores com tecnologias de direção autônoma, caminhões elétricos e serviços digitais.

A demanda na região deve diminuir um pouco no segundo semestre, afirmou Roger Nielsen, responsável pela América do Norte, durante o evento em Las Vegas. A maior fabricante mundial de veículos comerciais espera "outro ótimo ano", com encomendas firmes, acrescentou. O mercado automotivo atingirá um pico em 2019 após chegar ao maior nível desde 2006, segundo estimativas da Bloomberg Intelligence.

A controladora da fabricante de carros de luxo Mercedes-Benz está passando pela maior reestruturação em uma década, com objetivo de dar mais independência às subsidiárias. Alguns investidores defendem listagem parcial da divisão de veículos comerciais.

"Atualmente não há necessidade de vender ações", disse Daum em entrevista. "A mudança na estrutura corporativa visa principalmente uma maior flexibilidade adiante."

O desenvolvimento conjunto de tecnologias de direção autônoma ressalta o potencial da cooperação interna entre as unidades de automóveis e caminhões, explicou ele.

A divisão de caminhões da Daimler investirá 500 milhões de euros (US$ 574 milhões) nos próximos anos em tecnologia autônoma e escalou mais 200 profissionais para o projeto, especialmente nos EUA. Daum não vê mais justificativa para continuar o esquema pelo qual dois ou mais caminhões são enfileirados digitalmente para economizar combustível quando percorrem distâncias curtas. É uma mudança de estratégia após anos trabalhando nessa tecnologia.

A alocação eficiente de recursos será necessária para manter na linha rivais como Mack (marca da Volvo), Paccar e Navistar International. Já a Tesla pretende repetir com os caminhões sua rápida expansão no segmento de automóveis de luxo dos EUA. A empresa sediada em Palo Alto, na Califórnia, espera começar a entregar modelos elétricos pesados neste ano a clientes como Walmart e PepsiCo.

A Freightliner entregou no mês passado o primeiro caminhão elétrico de médio porte, chamado eM2, à cliente Penske Truck Leasing. Ao longo deste ano, a empresa receberá 10 veículos para entregas locais e 10 eCascadia para transporte pesado. A Daimler pretende fabricar em série os Freightliners elétricos até 2021, além de modelos Mercedes-Benz eActros. O caminhão Fuso eCanter para entregas urbanas está sendo testado em Manhattan.