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Terapeuta se vê em personagem de seriado e processa canal

Simone Foxman

08/01/2019 15h19

(Bloomberg) -- Assim como muita gente em Wall Street, Denise Shull tem assistindo assiduamente "Billions", seriado do Showtime que causou alarde em parte devido a seus paralelos não muito sutis com gestores de recursos da vida real.

Mas tem uma semelhança que ela diz não conseguir superar: a Dra. Wendy Rhoades, coach de desempenho no fundo de hedge fictício Axe Capital que trabalha com os traders da empresa. O personagem de Rhoades, uma mulher sem papas na língua que está casada com o procurador-geral de Manhattan, ajuda os analistas da empresa a lidar com emoções, acalmar temores e obter confiança para ter um desempenho melhor no trabalho.

Essa personagem é uma "imitação não autorizada", afirmou Shull, que também é coach de desempenho para traders, em um processo aberto no mês passado. Exceto por seus apetites sexuais. "O primeiro episódio mostra que ela é uma dominadora", disse Shull, ex-trader que atualmente dirige a ReThink Group, em entrevista por telefone. "Eu não sou. Nem sei nada sobre isso."

"Billions" expõe uma faceta da indústria de gestão de recursos que não era muito conhecida: grandes fundos de hedge às vezes empregam pessoas para trabalhar com gerentes de carteira e traders na esperança de melhorar o desempenho e os lucros.

Shull, de 59 anos, não trabalha em um fundo de hedge, mas diz que uma versão fictícia de si mesma trabalhava no livro que publicou em 2012, "Market Mind Games: A Radical Psychology of Investing, Trading and Risk". Ela afirma em seu processo que os criadores de "Billions", incluindo Andrew Ross Sorkin, Brian Koppelman e David Levien, usaram muito do conteúdo do livro sem compensá-la por isso.

Uma porta-voz do Showtime refutou a acusação, e Sorkin, Koppelman e Levien não responderam aos pedidos de comentários. "A Sra. Shull passou por vários escritórios de advocacia e teorias de seu suposto caso como parte de suas reiteradas tentativas frustradas de forçar-nos a contratá-la como consultora de nosso programa", disse a porta-voz em comunicado enviado por e-mail. "Temos certeza de que o processo dela também fracassará."

Em sua queixa, Shull disse que conversou sobre seu livro com Sorkin em 2012 durante uma entrevista no programa "Squawk Box", da CNBC, em que ele é apresentador. Sorkin, que também é repórter do New York Times, entrou em contato com ela em agosto de 2015, buscando ajuda para desenvolver a personagem de Rhoades, de acordo com o processo. Shull disse que trocou e-mails naquele mês com Maggie Siff, que interpreta Rhoades, e também com Koppelman e Levien, o que culminou em uma reunião no mês seguinte. Koppelman expressou interesse em ler seu livro, mas "parecia incômodo" quando ela lhe disse que se tratava de ficção, de acordo com o processo, que foi apresentado em 31 de dezembro em um tribunal federal em Manhattan.

Durante a semana seguinte, Shull disse ter conversado com as equipes de marketing e criação do Showtime sobre a participação na promoção da série. Mas as conversas logo foram interrompidas, e ela disse que nunca assinou um acordo de compensação ou crédito com os criadores nem com o canal, que pertence à CBS. O Showtime solicitou um piloto em março de 2014, de acordo com comunicados à imprensa, e o primeiro episódio foi ao ar em janeiro de 2016.

Shull argumenta que as semelhanças entre as cenas de "Billions" e as de seu livro são tão grandes que constituem uma violação de direitos autorais. Agora, é possível que um programa baseado no ego de poderosos executivos de Wall Street, nos agentes da lei que os perseguem e nas pessoas que vivem neste mundo opulento provoque um drama na vida real.

"É como se eu fizesse parte de um dos enredos", disse Shull.