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Brasil tem negócio de minério de ferro 'de maior valor' do mundo

Jake Lloyd-Smith

09/01/2019 10h58

(Bloomberg) -- A indústria global de minério de ferro continua extremamente lucrativa, já que os custos das principais mineradoras estão bem abaixo dos preços atuais, segundo a Macquarie Wealth Management, que afirmou que o título de negócio "de maior valor" deixou de ser da Rio Tinto Group e passou para as operações de pelotização da Vale.

Mais de 95 por cento da oferta mundial rende lucros a US$ 60 a tonelada, e, até mesmo a US$ 50, até 90 por cento do mercado permanece no azul, afirmou a Macquarie em uma nota. Quando ajustado pela qualidade para permitir a comparação, e também levando em conta o transporte para a China, o negócio de pelotas da Vale "substituiu as operações de Pilbara, da Rio Tinto, como o negócio de minério de ferro de maior valor do mundo".

A indústria mundial de minério de ferro é dominada por alguns poucos produtores de grande porte, como a brasileira Vale, além de BHP Group, Rio Tinto e Fortescue Metals Group na Austrália, e sua enorme escala e ênfase na eficiência possibilita os custos baixos. Embora o minério de ferro de referência tenha caído um pouco no ano passado, a média ainda foi de quase US$ 70 por tonelada, e a análise da Macquarie ressalta que as margens robustas dos principais produtores os protegem de qualquer queda nos preços.

"O minério de ferro continua sendo um setor muito lucrativo: os custos médios do setor mudaram pouco nos últimos dois anos, e o custo marginal do transporte marítimo ficou na faixa de US$ 60 a US$ 70 a tonelada", afirmou. "Em um mercado basicamente equilibrado, não é surpresa que o preço de referência esteja sendo negociado nessa faixa estreita."

A China é o maior importador de minério de ferro, e uma iniciativa conjunta nos últimos anos para reduzir a poluição impulsionou a demanda das usinas por minério de maior qualidade, bem como por certas formas da matéria-prima, como as pelotas. Isso tem beneficiado a Vale, que está desenvolvendo depósitos de qualidade muito alta, embora as grandes mineradoras australianas também tenham se saído bem com essa mudança.

A pesquisa do Macquarie cobriu 1,35 bilhão de toneladas de oferta, ou 89 por cento do mercado comercializado. Estima-se que haveria um excedente transoceânico de 36 milhões de toneladas neste ano, de apenas 4 milhões em 2020 e de 18 milhões em 2021.

"O minério de baixa qualidade de Goa, Austrália, Irã e o concentrado ucraniano estão no topo da curva", afirmou a Macquarie Wealth. "Sob pressão dos crescentes descontos para o minério de baixa qualidade, esses produtores reduziram os volumes - 26 milhões de toneladas no ano passado - progressivamente deslocados pela Vale e pela Rio Tinto."

--Com a colaboração de Krystal Chia.