Na era das fake news, o intrépido repórter Tintim faz 90 anos
(Bloomberg) -- Enquanto o mundo lida com as consequências das fake news, o ícone belga e herói atemporal de muitos jornalistas, Tintim, comemorou ontem seu aniversário de 90 anos.
Em 10 de janeiro de 1929 foi publicada a primeira aventura do intrépido repórter internacional, no suplemento "Le Petit Vingtième" do jornal Le Vingtième Siècle, em Bruxelas. Criadas pelo artista belga Hergé, as aventuras do personagem fictício -- com seu suéter azul, calça culote e topete -- levaram Tintim e seu fiel cão Milu a todo o mundo, construindo a imagem dos jornalistas como benfeitores.
O herói das histórias em quadrinhos lembra uma época em que os repórteres eram retratados como buscadores da verdade que cobram explicações de quem está no poder em vez de serem descritos como "inimigos do povo", como diz o presidente dos EUA, Donald Trump, que os acusa de espalhar notícias falsas.
Com mais de 250 milhões de livros de quadrinhos de Tintim vendidos em todo o mundo -- em vários idiomas --, a Moulinsart, gerenciadora exclusiva do acervo de Hergé, também conhecida como Fundação Hergé, decidiu marcar o 90º aniversário do personagem com um ano de comemoração, começando com a expedição do jovem jornalista pela antiga colônia belga do Congo.
A Moulinsart anunciou na quinta-feira que uma edição digital de "Tintim no Congo" remasterizada em cores será lançada por meio do aplicativo "Les Aventures de Tintin". Essa história em quadrinhos é provavelmente uma das obras mais controversas de Hergé, frequentemente atacada por racismo -- inclusive na Justiça -- devido à representação dos nativos do Congo, e é proibida nas bibliotecas de vários países. Coincidentemente, na quinta-feira, a República Democrática do Congo anunciou a primeira vitória de um candidato presidencial de oposição.
Coincidência
Para a Moulinsart, isso é puro acaso -- como no relançamento da aventura de Tintim na antiga União Soviética.
"Começamos em 2017 com os soviéticos e, curiosamente, era o 100º aniversário da revolução russa; hoje é a eleição no Congo e dentro de dois anos é possível que tenhamos 'Tintim na América'", quando Trump tentará a reeleição, disse Yves Février, diretor de digital da Moulinsart, a jornalistas, em Bruxelas, na quinta-feira.
Entre as demais iniciativas comemorativas estão a abertura da primeira loja oficial Tintim em Xangai, em fevereiro, o lançamento de uma coleção de carrinhos de Tintim na França e na Bélgica, uma moeda comemorativa de cinco euros, uma série de documentários e podcasts e uma possível continuação do filme 3D de 2011 de Steven Spielberg. Aliás, foram necessários 25 anos para Spielberg convencer a Moulinsart a filmar o primeiro.
Mesmo sem material novo desde 1976, Tintim continua vivo no imaginário coletivo e a Moulinsart planeja manter a imagem do jornalista viva somente com base nos 24 cenários de Hergé.
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