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Acionistas do Google pedem solução para `crise de diversidade'

Josh Eidelson

30/01/2019 14h55

(Bloomberg) -- Durante os últimos 12 meses, funcionários do Google, da Alphabet, protestaram por direitos trabalhistas, um contrato militar e o modo de lidar com condutas sexuais inadequadas. Agora, junto com os acionistas, eles escreveram uma resolução para a diretoria da Alphabet, na que pedem reformas em áreas como a diversidade racial e de gênero e solicitam que a diretoria considere vincular essas métricas aos bônus dos executivos.

"A crise da diversidade no setor de tecnologia ameaça a segurança dos trabalhadores, a retenção de profissionais, o desenvolvimento de produtos e o atendimento ao cliente", afirma a resolução dos acionistas. Também critica o tratamento do pessoal contratado e pede que a empresa lide com o deslocamento de moradores mais pobres dos lugares onde a companhia compra imóveis.

"Acreditamos que os executivos não estão atentos a vários riscos sociais importantes que a empresa enfrenta", disse Pat Tomaino, diretor de investimento socialmente responsável da Zevin Asset Management, que colaborou com os funcionários. Sua empresa é a principal responsável pela proposta dos acionistas. Tendo conversado com funcionários e ativistas comunitários e acompanhado as manchetes sobre o Google, ele disse que vê "um retrato do risco não gerenciado".

A resolução alega que a Alphabet "não respondeu adequadamente às principais demandas" feitas pelos trabalhadores em uma paralisação massiva em novembro, como adicionar um representante dos trabalhadores ao conselho e acabar com a arbitragem forçada para toda a força de trabalho, não apenas para funcionários diretos e casos de suposto assédio ou agressão sexual. Também pede que o comitê de remuneração da diretoria analise a inclusão de "métricas de sustentabilidade" - como diversidade de executivos - em seu sistema de bônus ou protocolos de aquisição de ações. Políticas similares estão em vigor na Microsoft, na Intel, na International Business Machines e em outras empresas.

"Estamos trabalhando duro para tornar o Google mais representativo e criar um ambiente de trabalho inclusivo, onde os funcionários se sintam respeitados, apoiados e valorizados", disse uma porta-voz da companhia em comunicado enviado por e-mail. "Divulgamos nosso progresso todos os anos, inclusive as taxas de contratação e rotatividade relativas à raça e ao gênero."

Alguns funcionários trabalharam na proposta com o grupo de ativismo no local de trabalho Coworker.org e a coalizão apoiada pelo sindicato Silicon Valley Rising. Além da Zevin, a Boston Common Asset Management, a Trillium Asset Management e a Friends Fiduciary Corporation são alguns dos demais responsáveis pela proposta. No mês passado, eles enviaram a resolução para a Alphabet, o passo inicial no processo da Comissão de Valores Mobiliários para apresentar propostas de acionistas. Os responsáveis pretendem que um funcionário do Google apresente a resolução na reunião deste ano dos acionistas da Alphabet.

"Ao dizer que isso é uma prioridade, os acionistas indicam que a empresa deve tomar providências e não pode mais simplesmente esperar para ver e dar pequenos passos", disse Maria Noel Fernandez, diretora da campanha da Silicon Valley Rising.

A proposta é semelhante à que foi apresentada na reunião de acionistas do ano passado. Os funcionários do Google compareceram à reunião para demonstrar apoio a ela, e um deles a apresentou em nome da Zevin. A proposta fracassou. A empresa informou em um comunicado no ano passado que a proposta não "aumentaria o compromisso existente da Alphabet com a sustentabilidade corporativa", observando que o CEO da Alphabet, Larry Page, recebeu um salário de apenas US$ 1. O presidente da Alphabet, John Hennessy, disse na reunião de acionistas que a empresa consideraria candidatos diversificados para seu conselho, e a chefe de recursos humanos do Google, Eileen Naughton, disse que a empresa pretende aumentar sua proporção de trabalhadores negros, latinos e do sexo feminino até 2020.