Mudança de planos da Emirates põe em risco futuro do Airbus A380
(Bloomberg) -- Um ano depois de a Airbus ter recebido uma encomenda que parecia capaz de salvar sua aeronave de dois andares A380, o futuro deste emblemático programa está mais uma vez em risco.
A Emirates, companhia aérea do Golfo Pérsico, poderá mudar alguns ou todos os seus 20 pedidos do superjumbo para aviões menores A350, disseram pessoas a par do assunto. Isso reduziria a lista de pedidos e levaria a Airbus a matar um avião que despertou pouco interesse entre outras companhias aéreas apenas 11 anos após sua estreia no serviço comercial.
A Airbus manteria o superjumbo até entregar outras encomendas pendentes do modelo, principalmente de um acordo anterior com a Emirates, segundo as pessoas, que pediram anonimato porque as negociações são privadas. No entanto, no final das contas, a medida significaria fechar uma linha de produção que a fabricante lutou para conservar, na expectativa de revitalização da demanda.
A Airbus, com sede em Toulouse, na França, parecia ter garantido o futuro do A380 quando, em janeiro passado, fechou a venda de 36 aviões para a Emirates. Desde então, porém, a companhia tem tido dificuldade para encontrar uma fabricante de motores disposta a atender às suas demandas de preço e desempenho. Uma aliança entre a General Electric e a Pratt & Whitney demonstrou pouco entusiasmo, e a fornecedora atual, a Rolls-Royce Holdings, não conseguiu chegar a um acordo depois de meses de negociações.
A Airbus afirmou em um comunicado da bolsa de valores depois que os mercados fecharam na quinta-feira que está negociando com a Emirates o contrato do A380, que inclui 16 opções. A Emirates, de capital fechado, informou que as negociações estão em andamento, e a Rolls-Royce, que tem sede em Londres, preferiu não comentar.
Analista de aviação da Jefferies International, Sandy Morris disse que os comentários da Airbus foram "moderados, mas ameaçadores" e acrescentou: "Se uma parcela significativa do pedido da Emirates for cancelada, acreditamos que o programa do A380 deve acabar."
A mudança planejada pela companhia aérea, de sair do aeroporto internacional de Dubai, que tem limitações de capacidade, e passar para o novo Dubai World Central por volta de 2024, pode estar influenciando sua concepção sobre a necessidade de ter o maior avião de passageiros, disse Morris.
A Airbus já reduzirá a produção do A380 para oito aeronaves neste ano, e o total cairá para seis por ano a partir de 2020. No entanto, até mesmo este plano se baseava no acordo mais recente com a Emirates, que foi anunciado como a salvação do programa quando foi revelado pelo então chefe de vendas da fabricante, John Leahy.
Deixar de produzir o superjumbo acabaria com perdas em cada avião no nível de produção mais baixo e liberaria fábricas para aumentar a produção de modelos menores, mas também poderia expor a Airbus a uma hemorragia de 1 bilhão de euros (US$ 1,15 bilhão) em recursos estatais que talvez precisem ser reembolsados, de acordo com Morris
O A380 tinha uma carteira de pedidos firmes a entregar de 87 aviões no final de 2018, segundo o analista, dos quais apenas os 53 encomendados pela Emirates e três pela japonesa ANA Holdings poderiam ser considerados "robustos", disse ele, e alguns estão nos livros há anos.
Repórteres da matéria original: Benjamin D. Katz em London, bkatz38@bloomberg.net;Layan Odeh em Dubai, lodeh3@bloomberg.net
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