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Pilha de ouro de Maduro está no limbo em cofre de Caracas

Patricia Laya

01/02/2019 15h29

(Bloomberg) -- Com 20 toneladas de ouro empilhadas para embarque e transporte fora dos cofres da Venezuela, o mistério em torno delas -- e as demonstrações de força que provocam -- está aumentando.

O avião russo que, segundo alegações de um deputado venezuelano, estava em Caracas para levar o ouro em sigilo deixou o país sem ele. Mas agora aterrissou um avião de carga de Dubai, o que gerou uma nova onda de especulações de que o ouro está indo para lá.

Em um momento em que o autoritário governante Nicolás Maduro tenta se esquivar da crescente pressão internacional para que ele abandone o poder, o destino dessas barras de ouro se transformou em motivo de grande preocupação, tanto na Venezuela quanto no exterior. Avaliadas em cerca de US$ 850 milhões, elas são uma importante fonte de riqueza em um país que mergulhou na pobreza extrema sob a liderança de Maduro.

Na quinta-feira, Marco Rubio, o senador da Flórida que ajudou a encabeçar a postura linha-dura dos EUA em relação ao regime de Maduro, publicou um tweet em que acusa a empresa Noor Capital, dos Emirados Árabes Unidos, de ser a firma financeira que está orquestrando a transação do ouro com as autoridades venezuelanas. Rubio foi além e alertou a firma que ela e qualquer companhia aérea que for contratada para levar o ouro embora estarão sujeitas a sanções do Departamento do Tesouro dos EUA.

Até a noite de quinta-feira, as 20 toneladas ainda não haviam saído do banco central, segundo uma pessoa com conhecimento direto do assunto. Mas haviam sido pesadas e separadas para embarque, disse a pessoa. Ela não sabia qual seria o possível destino do ouro, nem a natureza da transação. O avião de carga ainda estava no aeroporto de Caracas, segundo o website Flightradar24.

Diversos telefonemas realizados após o horário comercial para o escritório da Noor Capital em Abu Dhabi não foram atendidos. Um porta-voz do banco central venezuelano não respondeu às ligações e mensagens de texto com pedidos de comentários.

O aviso de Rubio foi emitido um dia depois de o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, enviar uma mensagem semelhante à comunidade de investidores. "Meu conselho para bancos, corretoras, tradings, facilitadoras e outras empresas é: não negociem ouro, petróleo nem outras commodities venezuelanas roubadas do povo venezuelano pela máfia de Maduro", disse Bolton, em um tweet.

Vinte toneladas são muitas barras de ouro - quase 1.600. Juntas, elas representam cerca de 10 por cento das reservas internacionais do banco central venezuelano. Esses ativos são parte fundamental da batalha feroz pelo controle das finanças da Venezuela entre Maduro e Juan Guaidó, o presidente da Assembleia Nacional que está tentando instaurar um governo de transição com o apoio dos EUA e de outros países da região.

Em entrevistas e coletivas, Guaidó ressalta sempre o esforço de sua equipe para resguardar os poucos ativos remanescentes da Venezuela, para que possam ser usados para financiar o fluxo de ajuda humanitária para este país devastado pela crise. Ele disse à Associated Press na quinta-feira que planejava desafiar a proibição do governo de aceitar a ajuda enviando grandes comboios de medicamentos ao país com o apoio de países vizinhos.

Guaidó disse na entrevista que a operação seria um "novo teste" da lealdade das Forças Armadas ao governo. "Em algumas semanas, eles terão que escolher se deixam uma ajuda muito necessária entrar no país -- ou se ficarão do lado de Nicolás Maduro", disse.

--Com a colaboração de Saleha Mohsin, Ben Foldy e Nathan Crooks.