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Risco de execução da agenda reformista testa fôlego de rali

Vinícius Andrade

01/02/2019 15h44

(Bloomberg) -- Os mercados brasileiros receberam o primeiro mês do governo de Jair Bolsonaro com fortes ganhos. Agora, com o novo Congresso tomando posse, ganhos adicionais provavelmente dependerão da capacidade do governo de implementar suas promessas.

O Ibovespa teve o seu melhor mês em um ano no último mês, ajudado por um cenário mais favorável para os mercados emergentes e pelo otimismo em torno do governo Bolsonaro.

A nova equipe prometeu perseguir uma agenda favorável ao mercado, incluindo a privatização de empresas estatais ineficientes, reformas fiscais e outras medidas para sustentar a maior economia da América Latina. Esse pano de fundo também impulsionou o real, que subiu mais de 6,2% no mês passado.Com o Congresso retornando às atividades nesta sexta-feira, os investidores vão olhar de perto um dos principais riscos para os mercados: como Bolsonaro vai reunir o apoio de deputados e senadores para avançar com a reforma do sistema previdenciário. Os governos anteriores falharam em aprovar o projeto, que é considerado fundamental para equilibrar as contas públicas do país.

Enquanto os principais candidatos à presidência da Câmara e do Senado já sinalizaram apoio a uma agenda reformista, espera-se que os riscos de implementação persistam, especialmente porque Bolsonaro tenta consolidar sua base a partir da negociação com bancadas temáticas, em vez de lidar diretamente com os líderes partidários.

"Bolsonaro foi para uma estratégia de negociação com base temática, que é experiência que ainda vai ter que ser provada correta", disse Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital em um evento em São Paulo no início desta semana.

A empresa de consultoria política Eurasia Group confere 30 por cento de chance de que a reforma da Previdência não passe neste ano, mas acredita que a estratégia de negociação de Bolsonaro terá que evoluir para obter sucesso. "O risco de execução" é considerável, disse Christopher Garman, diretor executivo para Américas da Eurasia.

A promessa de que haverá algum tipo de reforma faz com que gestoras incluindo Verde Asset Management, Pacifico Gestão de Recursos e Velt Partners vejam espaço para ganhos adicionais no mercado de ações.

Os estrategistas do sell-side esperam o mesmo. Mesmo após a alta de 18% do Ibovespa desde a eleição em outubro, eles preveem um potencial de alta de até 23 por cento até o final de 2019.

Frederico Mesnik, diretor executivo da Trigono Capital, diz que a reforma precisa ser aprovada no primeiro semestre do ano, antes que o capital político de Bolsonaro se deteriore e os problemas fiscais do Brasil se aprofundem. "Estamos no segundo tempo da prorrogação e com gol de ouro. Quem marcar, ganha a partida."

--Com a colaboração de Felipe Marques e Aline Oyamada.