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Fundo japonês duvida que alta dos ativos emergentes continue

Yumi Teso

04/02/2019 13h27

(Bloomberg) -- Que ninguém se engane. A disparada dos ativos de países emergentes embalada pela postura "paciente" do banco central americano não vai durar o ano todo.

Satoru Matsumoto, gestor de fundos da japonesa Asset Management One, que supervisiona o equivalente a US$ 490 bilhões, acredita que esses papéis serão prejudicados pela desaceleração econômica na China e depois nos EUA em meio à tensão comercial.

As bolsas de nações em desenvolvimento tiveram em janeiro o melhor mês desde março de 2016 e as moedas da categoria registraram o maior ganho mensal em um ano. No entanto, Matsumoto acha que só vale a pena apostar em países que cumprem três critérios: crescimento sólido, inflação benigna e ausência de riscos políticos significativos. Seguindo este raciocínio, restam países como Indonésia e Brasil.

"Será um ano em que é preciso ser seletivo com as apostas em mercados emergentes", disse o gestor, que trabalha em Tóquio. "A postura branda do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) deu algum fôlego ao recente avanço dos mercados emergentes, mas não espero que isso leve ao ambiente de perfeição que observamos em 2017."

Claro, os pessimistas estão mais escondidos, porém duvido que os investidores aumentem agressivamente suas aplicações", acrescentou.

Os ativos emergentes se recuperam de um 2018 sombrio, que veio logo após um movimento robusto que elevou as cotações aos maiores níveis em anos. Em janeiro, um índice MSCI de moedas de nações em desenvolvimento avançou 2,6 por cento, enquanto um índice que acompanha as ações desses países subiu 8,7 por cento. O índice Bloomberg Barclays de títulos de dívida denominados em moeda local teve alta de 2,6 por cento, marcando o terceiro mês seguido de ganhos.Matsumoto compartilhou também as opiniões abaixo na entrevista realizada após o Fed sinalizar que vai suspender acréscimos nos juros nos EUA por enquanto:

Quais mercados dão motivo para mais otimismo em 2019?

* O fundo dele tem alocação mais concentrada em títulos e moedas de Brasil e Indonésia e pretende manter isso.* Ele está otimista com a Indonésia porque a economia provavelmente conseguirá manter crescimento de 5 por cento com inflação estável.* Apesar das eleições marcadas para abril, o governo do presidente Joko Widodo parece sólido e os riscos políticos aparentemente são baixos.* No Brasil, seu grande foco é a reforma da previdência. Matsumoto reconhece as dificuldades, mas vê sinais de que os políticos percebem a necessidade de melhorar a situação fiscal.* A pressão inflacionária no Brasil não é tão intensa quanto no passado e a economia continua em recuperação ? uma combinação que favorece o desempenho do real.

Quais mercados dão motivo para pessimismo?

* O fundo dele tem alocação menor na África do Sul, que tem na China sua principal parceira comercial. Qualquer desaquecimento da economia chinesa influencia negativamente o crescimento da nação africana. E com o risco de rebaixamento da classificação de risco, o governo sul-africano tem limitações em termos de aumentar o gasto público. Portanto, suas opções para estimular a economia são limitadas.* A África do Sul enfrenta risco político com as eleições neste ano. O déficit em conta corrente não está diminuindo apesar da lentidão da economia e isso deixa o país vulnerável.

Qual é sua opinião sobre a Índia, onde também haverá eleições?

* O fundo de Matsumoto está com alocação reduzida na Índia, mas apenas no curto prazo. A expectativa é que o partido do primeiro-ministro Narendra Modi forme uma coalizão com maioria. Depois das eleições, o risco político diminui naturalmente. A taxa de crescimento da economia indiana permanece alta e a inflação é baixa, o que é positivo.