Antes à beira da falência, BOE é símbolo da potência chinesa
(Bloomberg) -- Há 25 anos, a Beijing Electron estava à beira do colapso, uma gigante estatal que havia caído de joelhos diante da tecnologia estrangeira de qualidade superior. Décadas depois, impulsionada pelos bilhões injetados pelo governo e rebatizada como BOE Technology Group, a estatal é parceira da Apple e tem como meta se tornar a maior fornecedora de telas da próxima geração.
É uma reviravolta liderada por Wang Dongsheng, um contador que assumiu uma fábrica de tubos a vácuo no vermelho - e que depois implorou por ajuda financeira a seus subalternos, tendo recorrido até à fabricação de enxague bucal para pagar as despesas. Mas o executivo finalmente obteve capital de Pequim para construir a maior fabricante de telas planas, e planejou a ascensão da BOE com o objetivo de conquistar a excelência na produção de telas: liderar o mercado de telas flexíveis projetadas para uma geração de smartphones maleáveis, como o Samsung Fold e, quem sabe, um futuro iPhone.
A BOE é atualmente símbolo da impressionante ambição tecnológica da China. As dificuldades financeiras que quase levaram a empresa à falência -- chegou perto por duas vezes -- não são mais notadas durante um passeio pela fábrica de US$ 7 bilhões nos arredores de Chengdu, uma cidade do oeste da China, mais conhecida por seus temperos e pandas.
Com uma extensão suficiente para cobrir 16 campos de futebol, produz caros mostradores com diodos emissores de luz orgânica (OLED) que a Apple e Huawei Technologies pretendem usar em seus letreiros.
Até o final deste ano, a BOE se tornará a segunda maior fornecedora mundial de telas de telefonia OLED - atrás apenas da Samsung Electronics --, com capacidade mensal de aproximadamente 64.000 painéis, disse Zhang Yu, vice-presidente sênior de marketing.
É o suficiente para revestir 6 milhões de telefones dobráveis por mês, também tendo como alvo o mercado de dispositivos portáteis, painéis de carros, eletrodomésticos e televisores. Caso se torne fornecedora do iPhone, como alguns analistas antecipam, a empresa subiria para o topo com as maiores no mercado de telas para smartphones, que movimenta US$ 39 bilhões.
"A tela dobrável é uma força revolucionária que impulsiona a próxima grande mudança", disse Zhang. "Temos um plano geral para o negócio OLED. As telas para dispositivos móveis são apenas uma parte disso."
A ascensão da BOE é impulsionada pela generosidade do estado. A empresa assinou acordos com autoridades em todo o país, como entidades estatais que prometeram ajudar o grupo a levantar pelo menos 20,5 bilhões de iuanes para outra fábrica em Fuzhou, no sul da China. Outros tipos de ajuda vieram na forma de terrenos, eletricidade e políticas favoráveis.
É esse tipo de ajuda que tem incomodado a administração Trump, mas nem tudo tem a ver com subsídios. Para abastecer sua expansão, a dívida da BOE quadruplicou para um recorde de 118 bilhões de iuanes desde que começou a desenvolver a tecnologia OLED, por volta de 2014.
Sendo uma empresa de capital aberto e parceira da Apple e Samsung, a BOE tem conseguido escapar do escrutínio que assola a Huawei. Mas, em novembro, o jornal Korea Economic Daily informou que a BOE estava entre as empresas chinesas que teriam se apropriado ilegalmente da tecnologia de tela dobrável da Samsung, citando pessoas não identificadas na investigação e profissionais do mercado.
--Com a colaboração de Sam Kim e Peter Elstrom.
To contact Bloomberg News staff for this story: Gao Yuan em Pequim, ygao199@bloomberg.net
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