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Correção: Xisto argentino usa areia de via de transporte de soja

Jonathan Gilbert

01/04/2019 12h04

(Bloomberg) -- (Corrige valor do contrato no 5º parágrafo)

A areia retirada de um rio na Argentina, usado para transportar soja, pode reaparecer a 1.100 km de distância nos campos de xisto em expansão no país.

A Tecpetrol, parte do império do bilionário Paolo Rocca, começou a comprar areia que a belga Jan de Nul transporta dos bancos do rio Paraná para extrair gás natural em Vaca Muerta, formação de xisto na Patagônia.

Para a Jan de Nul, que tem dragado o rio desde 1995 para dar espaço para cargas de soja, a indústria de xisto está emergindo como um negócio paralelo lucrativo. A areia do rio na província de Entre Rios é ideal para a extração hidráulica (fracking), pela qual uma mistura de água, areia e produtos químicos é bombeada a uma enorme pressão para quebrar a rocha no subsolo. Isso acontece porque essa rocha é formada principalmente de quartzo altamente resistente.

A Jan de Nul está trabalhando com outras empresas de areia que operam no rio e que normalmente abastecem a indústria da construção. A empresa espera aprovação dentro de uma semana para dragar a areia dos bancos para fornecer a uma fábrica em Entre Rios, que seca e peneira o material. A Jan de Nul não tem permissão para vender o sedimento proveniente do canal do rio. A Argentina é o maior exportador de farelo e óleo de soja.

O contrato firmado entre a draga e a Tecpetrol tem duração de um ano a partir de janeiro e cobre 70 mil toneladas. Os perfuradores precisam de cerca de 6.000 toneladas de areia para cada poço de xisto. Com o custo de aproximadamente US$ 180 a tonelada, incluindo US$ 70 em transporte, o contrato vale US$ 12,6 milhões. Para a Tecpetrol isso é um bom negócio, especialmente porque a areia, conhecida na indústria como propante, representa alto custo para os perfuradores de xisto.

Empresas em Vaca Muerta, onde a Argentina está tentando o mesmo sucesso da Bacia Permiana nos EUA, pagam quase US$ 200 a tonelada por areia de origem nacional. A areia transportada dos EUA custa até US$ 300.

A Tecpetrol é uma das maiores perfuradoras de gás de xisto da Argentina, produzindo 17,5 milhões de metros cúbicos por dia em seu principal empreendimento Fortin de Piedra, embora um conflito com o governo por subsídios possa restringir a produção.

A Jan de Nul está fazendo incursões em um mercado de grandes empresas incluindo a Cristamine, uma fornecedora para a indústria de vidro que está se apoiando no aumento do xisto nos últimos cinco anos. A empresa tem uma pedreira em Entre Rios. Há também o Grupo Arenas Patagonicas, que opera na província de Chubut. A estatal YPF, que perfurou a grande maioria dos aproximadamente 1.000 poços em Vaca Muerta, transporta a areia dessas pedreiras e processa no local.

--Com a colaboração de Ignacio Olivera Doll e David Wethe.