ETFs com estratégias multifatoriais são repaginados nos EUA
(Bloomberg) -- O início de ano difícil para ETFs com estratégias quantitativas ? com mais de US$ 850 bilhões aplicados ? convenceu muita gente de que o produto precisa ser repensado.
O total captado pelos fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds) da categoria smart beta - que tomam decisões com base em características como valor da empresa, tamanho e aspectos técnicos do instrumento financeiro - foi o menor em 12 meses nos EUA. O ritmo de crescimento dos ativos ficou abaixo da média de cinco anos pelo segundo trimestre consecutivo, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em vez de desistir, provedores de ETFs estão insistindo e tentando atrair investidores com fundos mais completos que reúnem diversos fatores.
Gestoras de recursos já dependem dos fundos smart beta. Como produtos diferenciados, os mesmos podem justificar taxas mais elevadas, compensando a queda da receita com fundos que acompanham índices amplos, que agora são praticamente gratuitos. Por isso, o investimento em fatores está sendo repaginado.
Em vez de orientar investidores a pular de um produto para outro, os emissores estão criando fundos multifatoriais que oferecem exposição a diversas características que melhoram o retorno. Parece estar funcionando.
"Os fundos multifatoriais realmente atendem à maioria dos investidores que deseja algo específico, mas não sabe como lidar", disse Paul Kim, estrategista-chefe de ETFs da Principal Financial Group, que administra diversos fundos. "A maior parte da demanda dos clientes vem daí."
Acesso democrático
ETFs multifatoriais se destacaram positivamente em meio à desaceleração da categoria smart beta no trimestre passado. Entraram nesses fundos US$ 5,7 bilhões, ou metade da captação total dos fundos fatoriais de renda variável. A entrada de recursos em março foi maior do que para todos os segmentos, a não ser o de baixa volatilidade, segundo dados compilados pela Bloomberg.
BlackRock, Pacific Investment Management e OppenheimerFunds abriram fundos centrados em mais de uma característica das ações. Muitos fazem rotação dinâmica entre ações em resposta a mudanças nas condições de mercado, o que acalma quem teme períodos prolongados de desempenho inferior.
"Queremos democratizar o acesso a todos os fatores que geram retorno e disponibilizá-los a pessoas físicas em geral", afirmou Andrew Ang, responsável por estratégias de investimento fatorial da BlackRock, durante entrevista coletiva no mês passado.
A BlackRock lançou uma estratégia rotativa em março. A WisdomTree Investments adotou gestão ativa para os fundos dedicados a Europa e Japão. Os fundos da Principal estão sendo usados para elaborar um modelo de carteira Nasdaq Dorsey Wright que faz rotação entre fatores.
Mais complexos
Mesmo com tantas firmas entrando nesse segmento, o diabo mora nos detalhes.
Investidores costumam subestimar as possíveis perdas dos fundos multifatoriais e os benefícios da diversificação costumam ser exagerados, alertou um estudo da Research Affiliates publicado no ano passado.
A complexidade é um dos principais motivos para os consultores financeiros ainda não adotarem essas estratégias na mesma velocidade, de acordo com relatório divulgado em março pela firma de pesquisas Cerulli Associates, de Boston.
O produto rotativo do Oppenheimer ajusta os ativos mensalmente, por exemplo. Um fundo dinâmico administrado pela Pimco faz ajustes todo trimestre. O fundo da Oppenheimer gerou retorno de 15 por cento ao longo do último ano, o dobro do proporcionado pelo produto da Pimco, embora os dois cobrem a mesma taxa de administração.
Os fundos multifatoriais satisfazem a busca por receita das gestoras de recursos, cobrando, na média US$ 4,70 de taxa para cada US$1.000 aplicados. O ETF mais barato dos EUA cobra US$ 0,20. Sendo assim, a tendência é que mais fundos desse tipo sejam montados.
"Não notei tanta compressão de taxas nos segmentos de gestão ativa ou smart beta", disse Lance Humphrey, gestor integrante da equipe global multimercados da USAA Asset Management, que administra quatro fundos multifatoriais. "As pessoas estão dispostas a pagar um pouco mais por um resultado melhor."
--Com a colaboração de Annie Massa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.