Bolsas globais sobem, mas sem contribuição dos fundos de hedge
(Bloomberg) -- Há dúvidas sobre o que está por trás do avanço do mercado acionário global. Investidores individuais e empresas tiveram papel relevante. Mas uma categoria está notavelmente ausente.
Especuladores profissionais, os fundos de hedge se recusaram a entrar de cabeça nas ações, mesmo com o valor de mercado das bolsas globais tendo subido US$ 10 trilhões nos últimos três meses. No final de março, a exposição líquida desses fundos ? que é a razão entre as apostas na valorização e na queda dos ativos ? estava perto do menor nível em mais de um ano, de acordo com dados compilados junto a clientes pela corretora institucional do JPMorgan.
A falta de convicção foi citada por diversos estrategistas como evidência de que as bolsas ainda têm espaço para subir e mais um argumento na teoria de que a postura branda do banco central dos EUA (Federal Reserve) vai acabar empurrando investidores de volta para o mercado acionário. O S&P 500 teve alta de 2 por cento na semana e está prestes a eliminar as perdas registradas em seu pior trimestre em 10 anos.
Mas os fundos de hedge podem continuar resistindo. Foi o que aconteceu no segundo semestre do ano passado. A teoria foi recompensada quando o S&P 500 desabou. O ceticismo deste ano não prejudica a demanda pelos serviços da categoria. Outra pesquisa do JPMorgan mostrou que um terço dos investidores participantes planejava ampliar a alocação, uma parcela maior do que os 15 por cento apurados em 2018.
O objetivo é "exposição diferenciada, mas também gerar retorno positivo quando o mercado azeda", acredita Crit Thomas, estrategista de mercados globais da Touchstone Advisors, de Cincinnati. "Duvido que necessariamente exista uma pressão."
Na última semana de março, fundos de hedge venderam ações e elevaram as apostas na queda dos papéis, especialmente ações do setor financeiro e industrial, segundo dados compilados pelo Goldman Sachs. A alavancagem líquida desses fundos ? referência para o apetite por risco ? diminuiu 2,2pontos percentuais para 61,7 por cento, resultado no quarto percentil de um intervalo de um ano.
Fundos de hedge tiveram ganho de 6 por cento em 2019, de acordo com a Hedge Fund Research, enquanto o S&P 500 avançou 13 por cento. Embora a comparação seja injusta, em termos relativos ainda é o pior início de ano para os fundos de hedge desde 2012.
Inúmeras preocupações podem manter os fundos de hedge em cima do muro. A mais óbvia é a previsão de desaceleração do crescimento da economia e dos lucros das empresas em 2019.
"Eles não estão participando por acreditarem que essa valorização foi motivada por sentimento e não pelos fundamentos subjacentes", afirmou Thomas, da Touchstone. "O que os trará de volta será enxergar melhor uma mudança verdadeira nos fundamentos."
Repórteres da matéria original: Lu Wang em New York, lwang8@bloomberg.net;Melissa Karsh em N York, mkarsh@bloomberg.net
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