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Goldman vê oportunidades de compra após correção dos mercados

Justina Lee

14/05/2019 09h54

(Bloomberg) -- Que guerra comercial?

O Goldman Sachs Asset Management está tão otimista sobre um acordo entre as duas maiores economias do mundo que até comprou mais ações chinesas recentemente. Embora as manchetes sobre as tarifas comerciais entre Estados Unidos e China tenham causado turbulência nos mercados este mês, a unidade de gestão de recursos do banco - que administra cerca de US$ 1,4 trilhão - reforçou sua posição comprada em ações da China, segundo o diretor-executivo David Copsey.

"Com qualquer negociação, é preciso haver uma razão para chegar à mesa", disse Copsey, fazendo referência às tarifas impostas pelos EUA aos produtos chineses. O executivo faz parte do grupo global de soluções de portfólio do Goldman, que administra cerca de US$ 115 bilhões. Em entrevista por telefone de Londres, Copsey afirmou: "Vemos todas as tarifas anunciadas até o momento como materiais, mas não achamos que, em última análise, irão desestabilizar o crescimento global".

O Goldman não está sozinho em seu otimismo, mesmo com a escalada da guerra comercial que enxugou cerca de US$ 2,6 trilhões do mercado acionário global na semana passada e abalou exportadores chineses. A gestora Robeco também aposta em um acordo entre as superpotências e planeja aproveitar a correção para aumentar as compras quando os mercados de acalmarem.

Os fundos de ativos múltiplos da unidade do Goldman Sachs também reduziram a exposição às ações dos EUA na semana passada, ficando com uma posição praticamente neutra no mercado de renda variável americano. O posicionamento permanece amplamente favorável ao risco. Embora o ciclo econômico esteja quase no estágio final, a inflação moderada, sinais de recuperação da atividade e as políticas monetárias acomodativas traçam um cenário bastante otimista para Copsey.

Para sua equipe, o foco deve estar nos mercados emergentes, onde ele vê o crescimento se acelerando novamente em meio à política de apoio da China. A desvalorização do iuane também deve ajudar a maior economia da Ásia a enfrentar as tarifas mais altas, disse. O gestor de ativos calcula que o aumento de tarifas deve afetar menos de 1% do PIB, tanto nos EUA quanto na China.

Fabiana Fedeli, chefe global de renda variável fundamental da Robeco Institutional Asset Management, também está confiante em uma resolução. As oportunidades podem surgir nos mercados mais afetados - ações na Alemanha, no Japão e em Taiwan, por exemplo -, embora seja cedo demais para entrar, disse Fedeli, cuja empresa administra cerca de US$ 182 bilhões em ativos.

"Ambos os lados realmente querem um acordo, precisam de um acordo, particularmente porque em breve vai haver eleições presidenciais nos EUA", disse Fedeli na segunda-feira. "Pode haver mais volatilidade ao longo de diferentes tuítes e, possivelmente, mais oportunidades para comprar no curto prazo, mas provavelmente não exatamente agora."