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Vencimento de NTN-B libera R$ 94 bi com inflação e PIB cadentes

Patricia Lara

15/05/2019 15h31

(Bloomberg) -- A devolução para o mercado dos recursos liberados com a NTN-B com vencimento hoje ocorre com o pano de fundo da inflação implícita nas mínimas do ano em meio a um tsunami de dados da atividade doméstica e de países como China e EUA abaixo das expectativas, o que pontua para um efeito desinflacionário.

O valor a vencer de NTN-B neste 15 de maio a ser pago pelo Tesouro para o mercado é R$ 83,8 bi, segundo dados fornecidos pela sua assessoria de imprensa. Além desse valor, o Tesouro desembolsará aos investidores em geral R$ 10,3 bi associados a cupons de outros títulos que têm seus valores atualizados pelo IPCA.

A carteira do BC também receberá recursos desses vencimentos de principal e cupom da NTN-B, com R$ 43,4 bi, o que soma um desembolso total que será feito pelo Tesouro de R$ 137,5 bi.

Os vencimentos encontram um ambiente de inflação implícita de curto prazo nas mínimas do ano. É fruto de um tsunami que vem na forma também de revisões em baixa das estimativas para o PIB, dada a pouca confiança para investimentos com o desenrolar lento da reforma da Previdência e os recorrentes atritos entre o Congresso e o governo de Jair Bolsonaro.

"Inflação subjacente está muito benigna, em ambiente de sucessivas revisões para baixo no crescimento. Hiato do produto levará mais tempo ainda para fechar", diz Mariana Guarino, gestora de portfólio da Truxt. Ela cita ainda que o pass-through do câmbio tem sido muito baixo.

Nesta quarta-feira, foi a vez de o Goldman Sachs, Barclays e o BNP revisarem para baixo as estimativas para o ritmo da economia doméstica neste ano. Os dois primeiros passaram a prever 1,2% de expansão. O BNP levou a previsão para apenas 0,8%. Barclays vê incertezas políticas em andamento, não apenas relacionadas à reforma da Previdência, mas a atritos entre o governo e o Congresso pesando sobre a economia do país.

Nesta manhã, o reforço do pessimismo com a atividade no Brasil veio da contração de 0,68% no primeiro trimestre de 2019 do IBC-Br, o índice do BC que busca antecipar o resultado do PIB. A China também deu munição ao desalento global, com vendas no varejo e produção industrial crescendo abaixo do esperado. Nos EUA, a produção caiu pela terceira vez em 4 meses com a guerra comercial entre Trump e os chineses motivando aumento de preços e complicando decisões empresariais.