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Cães farejadores ajudam a detectar contaminantes em vinho

Elin McCoy

24/05/2019 16h11

(Bloomberg) -- Às 6h30 da manhã no Vale de Casablanca, no Chile, dois labradores chamados Zamba e Mamba farejam pilhas de aduelas de carvalho para serem usadas em barris de vinho. A empresa chilena de fabricação de barris TN Coopers conta com seus eficientes focinhos ??para rastrear compostos químicos nocivos na madeira, como o TCA (2,4,6-tricloroanisol) e o TBA (2,4,6-tribromoanisol), que poderiam contaminar os sabores e aromas do vinho armazenado em seus barris. Um sinal ao treinador que os cães descobriram algo traz uma recompensa. Após um período de 30 minutos, os cães descansam e outra equipe assume a rotina.

Os cães especialistas fazem parte do florescente projeto Natinga da empresa e são o mais novo exemplo de como caninos especialmente treinados podem ser usados ??para prevenir pragas de vinhedos e desastres em vinícolas. Michael Peters, enólogo e gerente de vendas do escritório da TN Coopers em Sonoma, na Califórnia, diz: "Eles são mais precisos e eficazes do que a tecnologia moderna".

O olfato de um cão é entre 10 mil e 100 mil vezes mais agudo do que o de um humano, graças a 300 milhões de receptores olfativos, em comparação com nossos insignificantes 6 milhões. A tecnologia robótica também fica aquém. Isso fez com que "o melhor amigo do homem" se tornasse uma ferramenta essencial para rastrear fugitivos e pessoas presas em escombros, farejando aquela linguiça italiana que você achava que poderia esconder na mala enquanto passava pela alfândega, descobrindo bombas antes de uma explosão e caçando trufas caras.

Na indústria do vinho, os cães estão sendo usados ??para detectar o TCA e outros contaminantes, que são a ruína dos produtores de vinho em todo o mundo. Um pequeno TCA percorre um longo caminho e é a principal causa do "gosto de rolha", um cheiro de papelão úmido e mofado nos vinhos. A maioria das pessoas consegue identificá-lo em uma concentração de cerca de 5 partes por trilhão, o equivalente a algumas gotas em uma piscina olímpica, segundo Jamie Goode, que publicou recentemente Flawless: Understanding Faults in Wine (Impecável: Entendendo Falhas no Vinho, em tradução livre).

E está longe de ser apenas uma questão sobre a cortiça, diz Peters. "Também pode contaminar a madeira usada para aduelas de barris, mangueiras de plástico, bombas, tampas de silicone [usadas em barris de vinho], agentes clareadores e até mesmo infectar uma adega inteira."

O custo financeiro é alto - e quanto mais cedo for identificado, mais rápida e barata será a solução. Em dezembro passado, por exemplo, a vinícola Opus One, de Napa, entrou com um processo contra seus fornecedores franceses pedindo uma indenização de US$ 470 mil, alegando que 10 barris foram contaminados com TCA, danificando mais de 2 mil litros de seu cabernet de US$ 325 a garrafa.