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Tensão México-EUA abre espaço para o milho brasileiro

Tatiana Freitas

05/06/2019 10h44

(Bloomberg) -- As ameaças tarifárias de Donald Trump contra o México, o principal destino do milho norte-americano, está levando o país a recorrer à América do Sul para garantir o suprimento do cereal.

O México comprou 2,5 milhões de toneladas de milho brasileiro na semana passada, segundo Sol Arcidiacono, analista da ED&F Man Capital Markets na Argentina. Na última quinta-feira, Trump avisou que imporá tarifas ao México caso a nação não detenha o fluxo de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.

"O México quer mostrar que há outras origens para o milho além dos EUA", disse Arcidiacono. "O Brasil é uma boa alternativa, especialmente nesta temporada."

O Brasil não é uma origem usual para os compradores mexicanos, pois as importações dos EUA geralmente são mais baratas considerando também os custos com transporte. Além disso, as importações da América do Sul demoram muito mais tempo para chegar ao México em comparação com o milho que sai das fazendas do Meio-Oeste americano. Em 2018, o México importou 130.000 toneladas de milho brasileiro, enquanto as importações dos EUA atingiram o recorde de 16,7 milhões de toneladas, de acordo com dados do governo dos países exportadores.

Além da tensão comercial, o milho brasileiro se tornou mais atrativo nas últimas semanas. Os país deve colher uma safra recorde, resultando em maior excedente para exportação, enquanto a desvalorização do real torna as exportações mais competitivas. Ao mesmo tempo, os preços nos EUA dispararam com o atraso no plantio provocado pelas fortes chuvas no Meio-Oeste e incertezas em relação ao tamanho da safra no maior produtor mundial.

Nesse cenário, as exportações totais de milho do Brasil podem chegar a 35 milhões de toneladas este ano, enquanto a Argentina pode exportar quase 30 milhões de toneladas, aumentando a participação da América do Sul nas exportações globais de milho, disse Arcidiacono.

A área cultivada com milho dos EUA provavelmente cairá após as excessivas chuvas no Meio-Oeste. Isso criará uma "grande oportunidade" para os agricultores da América do Sul, que foram estimulados a vender sua produção em meio a uma recuperação significativa nos preços locais, disse ela.

--Com a colaboração de Michael Hirtzer.