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Investimentos em cannabis esvaziam fundos para setor de lítio

Laura Millan Lombrana

13/06/2019 15h39

(Bloomberg) -- As mineradoras de lítio se deparam com a falta de interesse dos investidores no setor.

O fluxo de capital para o segmento de cannabis está desviando investimentos que poderiam ser direcionados para os produtores de lítio, mineral essencial para impulsionar a revolução dos veículos elétricos.

Mineradoras e analistas presentes na Lithium Supply and Markets Conference, em Santiago, disseram esta semana que não podiam deixar de notar as salas meio vazias nas sessões - e a falta de investidores e gestores de fundos entre os participantes. Era uma imagem bem diferente do evento do ano passado, quando os preços do mineral usado em baterias recarregáveis bateram recordes de alta. Este ano os preços acumulam queda de 17%.

"Muito do capital de risco que entrou no setor de lítio agora está se transformando em maconha", disse Tobias Tretter, diretor-gerente da Commodity Capital, gestora de fundos com sede em Zurique. O mercado de lítio "absolutamente precisa de mais investimentos, não apenas de fabricantes de automóveis ou empresas químicas, mas também de investidores institucionais e gestores de fundos".

O preço do lítio mostrou queda de 3% em maio, para US$ 199,94 a tonelada, segundo a Benchmark Mineral Intelligence.

As mineradoras precisam de bilhões de dólares em investimentos para expandir a produção e acompanhar a demanda, que deve crescer a taxas de dois dígitos nos próximos anos, segundo participantes da conferência, entre eles Anthony Tse, presidente da Galaxy Resources, com sede em Perth, na Austrália.

A oferta de lítio apresenta pequeno superávit no momento, mas o mercado deve continuar apertado, e a previsão é que a demanda cresça para 1 milhão de toneladas por ano até 2025 em relação às 325 mil toneladas no ano passado, segundo a BloombergNEF.

Cerca de US$ 9 bilhões precisam ser investidos em todo o setor de mineração de lítio com objetivo de adicionar as 600 mil toneladas de capacidade necessária para atender à demanda nos próximos anos, disse Tse. A empresa opera a mina Mt. Cattlin na Austrália e atualmente desenvolve um projeto no Canadá e outro na Argentina.