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Investidores se preparam para onda de corte de juros emergentes

Davison Santana

14/06/2019 12h37

(Bloomberg) -- Com as economias de mercados emergentes em todo o mundo tendo que enfrentar crescimentos menores que o esperado, os formuladores de política monetária estão à espera de uma sinalização mais clara sobre os movimentos nos EUA para iniciar seus próprios ciclos de afrouxamento, em meio à uma inflação sob controle.

A Rússia se juntou ao Chile e à Índia nesta sexta-feira para reduzir sua taxa e muitos outros devem seguir o exemplo. A África do Sul, a Coreia do Sul, o Brasil e a Turquia seguirão o mesmo caminho mais cedo ou mais tarde.

A escalada das tensões no comércio global e a instabilidade política local nos países em desenvolvimento são vistas como as principais razões por trás dos baixos índices de investimento que estão pesando na expectativa de uma melhora na atividade no curto prazo.

O won sul-coreano caiu por duas sessões consecutivas nesta semana, depois que o governador do banco central, Lee Ju-yeol, disse na quarta-feira que o banco responderá "apropriadamente" às mudanças econômicas. O ministro das Finanças do país, Hong Nam-ki, viu o comentário como um sinal claro de que o banco está se inclinando para uma postura de alívio.

Na Turquia, os formuladores de políticas mantiveram a taxa de repo inalterada no início desta semana, enquanto ajustavam a linguagem em seu comunicado para acomodar um corte de taxa potencial na segunda metade do ano, se as tensões com os EUA e as próximas eleições municipais em Istambul não provoquem volatilidade excessiva.

Os investidores no Brasil também começaram a apostar que a taxa de referência do país cairá para um novo recorde no segundo semestre. Embora o BC tenha permanecido insensível quanto a um corte de taxa potencial, operadores aumentam as chances de a Selic cairá à medida que a reforma da Previdência avança no Congresso, aumentando a confiança que o plano do governo de melhorar as contas fiscais do país terá êxito.

No entanto, os ciclos de flexibilização no México e na África do Sul podem levar mais tempo para se materializar. As autoridades do Banxico adotaram uma abordagem mais prudente em comparação com suas contrapartes em mercados emergentes em função das preocupações sobre o gigante petrolífero estatal Pemex, além da guerra comercial. O vice-presidente do banco central Jonathan Heath disse que o país não deveria começar a cortar as taxas enquanto as ameaças do presidente Donald Trump sobre os produtos mexicanos persistirem. Ainda assim, muitos analistas também vêem um ciclo de flexibilização se aproximando.

Na África do Sul, a decisão dividida por 3 a 2 na última reunião do banco central, com dois membros pedindo um corte nas taxas de 25 pb levou mais analistas a começar a ver baixas das taxas. O consenso, no entanto, ainda é que os custos dos empréstimos serão deixados em espera por enquanto.

O Banco da Indonésia está se aproximando de um corte na taxa de juros depois de seis aumentos em 2018, embora os formuladores de políticas monetária provavelmente não se movam na próxima semana. O ministro das Finanças Sri Mulyani Indrawati disse nesta semana que a Indonésia provavelmente seguirá outros bancos centrais na flexibilização da política monetária, à medida que o crescimento global se deteriorar, com o Citigroup prevendo um corte nas taxas já no terceiro trimestre.

As Filipinas e a Malásia reduziram as taxas de juros em maio. Economistas estão divididos sobre se as Filipinas vão diminuir novamente na semana que vem.

Um movimento generalizado para taxas mais baixas em ativos de risco pode desencadear um fortalecimento do dólar americano, o que coloca a postura do Fed como fundamental para fornecer às autoridades de mercados emergentes mais certeza de que os cortes não provocarão um sell-off em moeda local e acabarão impulsionando a inflação.

--Com a colaboração de Nasreen Seria e Tomoko Yamazaki.

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