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Para Boeing, Paris Air Show vai além da venda de aviões

Christopher Jasper, Julie Johnsson e Benjamin D. Katz

17/06/2019 09h30

(Bloomberg) -- A Paris Air Show normalmente é marcada por negócios de vendas de jatos, com Airbus e Boeing competindo por contratos de dezenas de bilhões de dólares que podem representar uma grande fatia da carteira anual de pedidos das fabricantes de aviões.

A feira deste ano, que começa nesta segunda-feira na capital francesa, será muito diferente.

Para a Boeing, mergulhada em uma crise devido à suspensão dos voos com o 737 Max, que tem sido o alicerce das vendas há décadas, a feira será um exercício de controle de danos. Sem poder dizer quando a nova versão do jato Max voará novamente após dois desastres aéreos em cinco meses, a empresa americana precisa convencer clientes e fornecedores de que tem uma estratégia em mãos para lidar com todas as eventualidades.

Espera-se que a Airbus explore a paralisia da rival com o lançamento de um modelo de longo alcance para sua família de aviões A320, tentando repetir o aumento das vendas de jatos de corpo estreito que já era aparente mesmo antes de o Max ser desativado. A Boeing, pressionada pela incerteza sobre o 737, já foi forçada a adiar o lançamento de um avião de porte médio que, há alguns meses, tinha tudo para ser o centro das atenções na bienal de Paris.

"Esta feira de aviação é diferente, tem um tom diferente", disse no domingo Dennis Muilenburg, presidente da Boeing, em um briefing antes da feira. "Chegamos a esta feira de aviação com um tom de humildade e aprendizado."

Em relação ao 737 Max, a Boeing está conduzindo uma revisão dos procedimentos de segurança e processos internos, enquanto os reguladores estudam uma série de fatores, incluindo "todos os elementos" do programa de treinamento, disse o CEO.

No geral, as vendas de jatos deverão cair em relação à feira de Farnborough no Reino Unido, realizada no ano passado. As carteiras de pedidos já estão no maior nível de todos os tempos desde os vários lançamentos na última década que atenderam às demandas mais urgentes das companhias aéreas.

A consultoria de aviação IBA Group prevê que os pedidos firmes e gerais totalizem 575 aviões, com 435 deles indo para a Airbus. Isso se compara a cerca de 1.000 jatos encomendados em Farnborough em 2018, quando a Boeing conseguiu contratos para 528 aviões avaliados em US$ 79 bilhões, em comparação com 431 no valor de US$ 62 bilhões de sua arquirrival.

O IBA diz que, além das frotas estarem praticamente completas, a demanda tem sido suprimida pela devolução de aeronaves ao mercado de companhias aéreas em dificuldades devido à queda das tarifas e à desaceleração do tráfego, além do impacto mais forte dos custos de combustível e de câmbio, e da disputa comercial entre Estados Unidos e China.

A Jefferies prevê que os pedidos em todo o setor devem totalizar cerca de 1.000 aviões em 2019, comparados aos 2.021 no ano passado e 1.640 em 2017. As encomendas da Boeing e da Airbus equivalem a sete anos de produção, e mais de 90% dos pedidos entre 2020 e 2022 já estão sendo produzidos, limitando novas encomendas a grandes acordos e jatos com melhor disponibilidade, disse.