Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Exportação de milho deve disparar com menor produção nos EUA

Tatiana Freitas

18/06/2019 10h52

(Bloomberg) -- Enquanto exportadores dos Estados Unidos enfrentam a perspectiva de uma menor produção de milho e sofrem o impacto da guerra comercial com China, agricultores brasileiros se preparam para um novo período de exportações em alta.

As exportações de milho do país devem aumentar 58% este ano, para 38 milhões de toneladas, segundo André Pessôa, presidente da Agroconsult. A empresa também elevou a estimativa para as exportações de soja, para 70,5 milhões de toneladas, em relação à projeção anterior de 67 milhões de toneladas, diante da escalada da disputa comercial China-EUA. Ainda assim, as exportações da oleaginosa ficariam 16% abaixo do recorde do ano passado.

A nova previsão para as exportações de milho se compara à estimativa anterior de 31 milhões de toneladas, feita antes das chuvas torrenciais que atingiram o Meio-Oeste dos Estados Unidos, o que reduziu as projeções de produção e elevou os preços. Como resultado, os embarques de milho dos EUA agora estão com preços menos competitivos no mercado global em comparação com outros produtores.

"Brasil, Argentina e Ucrânia vão recuperar mercados de exportação perdidos recentementepara os EUA", disse Pessôa.

Até os consumidores norte-americanos estão de olho no milho brasileiro. Produtores de etanol dos EUA importaram milho do Brasil "recentemente" diante da preocupação de que problemas logísticos poderiam dificultar o transporte de grãos das fazendas do Meio-Oeste para as unidades produtoras, disse Pessôa, sem dar mais detalhes. Pelo menos três carregamentos de milho do Brasil foram vendidos para um cliente dos EUA para entrega em agosto e outubro, segundo informações da Bloomberg divulgadas no início do mês.

A demanda mais forte é bem-vinda para agricultores brasileiros, que colhem uma safra recorde de milho. A produção total pode chegar a 101,2 milhões de toneladas nesta temporada, um salto de 25% em relação ao ano passado, de acordo com a Agroconsult.

Os estoques finais devem aumentar apenas 1 milhão de toneladas, para 16 milhões. O maior consumo interno e as exportações ajudarão a compensar o salto na produção. A expectativa é que a demanda por milho no mercado doméstico suba para um nível recorde, somando 62,8 milhões de toneladas, um aumento de 5% em relação à safra passada, puxada pelas maiores compras de processadoras de carne que usam milho para ração.