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Mulheres enfrentam mais obstáculos para buscar capital de risco

Rebecca Greenfield

18/06/2019 14h54

(Bloomberg) -- Quando Daniela Perdomo decidiu iniciar outra rodada de financiamento este ano para a GoTenna, sua startup de comunicações móveis, um investidor disse a ela que, em sua opinião, o presidente de uma empresa de tecnologia seria mais parecido com Reid Hoffman, o investidor de capital de risco e confundador do LinkedIn. Então, o investidor se ofereceu para apresentá-la a algumas mulheres investidoras de capital de risco, dizendo: "Acho que elas realmente te entenderiam", conta Perdomo.

Outros investidores - todos homens - questionaram a experiência de Perdomo no comando de uma empresa de "tecnologia profunda", diz. Alguns se perguntaram se seu produto, que já tem mais de 200 clientes institucionais, realmente funcionava. Apesar de tudo, Perdomo captou US$ 24 milhões.

Está bem documentado que empreendedoras enfrentam uma batalha difícil quando precisam cortejar investidores. Mas um estudo da Crunchbase, uma empresa de pesquisa de mercado, descobriu que as mulheres têm especial dificuldade em vender ideias de negócios consideradas neutras em termos de gênero. Do capital levantado por mulheres, uma quantia desproporcional é destinada a empresas que atendem mulheres, como nos setores de moda, beleza e cosméticos.

Mulheres que comandam empresas altamente técnicas dizem que o sexismo que enfrentam de potenciais investidores varia entre subconsciente e evidente. Elas dizem que não são levadas a sério como especialistas em suas áreas e que precisam se esforçar muito mais para provar que há um mercado para seu produto ou empresa - mesmo que já ganhem dinheiro ou tenham clientes que paguem pelos serviços.

Falon Fatemi, CEO e fundadora da Node, uma startup de inteligência artificial, diz que um investidor perguntou se sua inteligência artificial sabia que ele não era circuncidado. "E isso é normal", diz Fatemi.

Leah LaSalla, que comanda a Astral AR, uma startup de drones com sede em Austin, no Texas, diz que os investidores chamam a engenheira de 38 anos de "mocinha" em e-mails rejeitando propostas. "Toda vez que esses caras brancos começam a frase com 'young lady', sei que não vão me levar a sério", conta. "Sou Latina. Deveria ser a faxineira, não a CEO."

Mulheres também dizem que passam tempo demasiado pedindo dinheiro aos investidores. Com isso, ficam ainda mais atrás de seus concorrentes do sexo masculino, que podem dedicar mais tempo aos negócios e atingir metas. Fatemi acredita que precisa vender sua ideia quatro ou cinco vezes mais que os homens em sua posição. Os capitalistas de risco "me rejeitam por razões bobas", diz. "Você executa um processo de dois meses que é rejeitado por um motivo que poderia ter sido resolvido na primeira conversa."

--Com a colaboração de Sarah McBride.