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Setor de energia renovável ainda emprega poucas mulheres nos EUA

Gerald Porter Jr. e Lynn Doan

18/06/2019 08h13

(Bloomberg) -- A energia limpa tem um segredo sujo.

Embora o setor esteja abrindo as portas para mais mulheres na liderança, o "chão de fábrica" ainda é muito parecido com o das empresas de combustíveis fósseis: predominantemente branco e masculino. A falta de diversidade de gênero é maior no setor de manufatura. Isso significa que as mulheres estão perdendo o maior boom do mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Instalador solar e técnico de turbina eólica são as duas profissões que mais crescem nos EUA, com expectativa de expansão acima de qualquer outra até 2026. Um em cada 50 novos empregos criados nos EUA em 2016 eram da área de energia solar, e a energia limpa agora responde por cerca de um terço de todos os empregos no setor de energia elétrica.

"Tenho cerca de 170 pessoas neste projeto no sul do Texas, e acho que cerca de 10% são mulheres", disse Kim Smith, de 56 anos, vice-presidente de construção da empresa de energia renovável espanhola Acciona. "Não chega nem perto do suficiente. O que seria o suficiente? O suficiente seria 50-50."

Em termos de liderança, empresas de energia limpa mais abertas estão quebrando padrões do setor elétrico, onde há muito tempo reina a cultura do Clube do Bolinha. Quase 25% das concessionárias de eletricidade reguladas nos EUA são agora administradas por mulheres - três vezes sua representação na Fortune 500 em porcentagem. Mas o quadro é diferente quando se considera a força de trabalho geral.

Segundo o Brookings Institution, o setor de geração de energia renovável é ainda menos diversificado do que o segmento de produção de combustíveis fósseis: as mulheres representam 13% da força de trabalho dos EUA. Na Europa, as mulheres respondem por menos de um terço dos empregos no setor de energia renovável, com predominância em postos menos qualificados e administrativos. A proporção é semelhante na Ásia.

Um estudo da Agência Internacional de Energia Renovável divulgado este ano mostrou que as mulheres representam 45% dos empregos administrativos do setor, mas apenas 28% dos postos em matemática, ciências, tecnologia e engenharia.

Para as mulheres que já estão nesse setor, as coisas não são fáceis. Em um momento em que o movimento #MeToo aumenta a conscientização sobre a discriminação por gênero em vários segmentos, Jamie Yarmoff, de 24 anos, gerente de projetos da AES, diz que a indústria de renováveis também precisa de mudança.

Ela se lembra quando trabalhava como gerente de construção em um projeto de energia solar e teve que fazer várias solicitações de planos para um empreiteiro. Nunca recebeu uma resposta, e as informações foram enviadas para um dos homens de sua equipe, segundo Yarmoff.

--Com a colaboração de Ewa Krukowska e Aaron Clark.

Repórteres da matéria original: Gerald Porter Jr. em N York, gporter30@bloomberg.net;Lynn Doan em São Francisco, ldoan6@bloomberg.net