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Cidade croata de Game of Thrones quer atrair turistas com euros

Dubrovnik foi local de filmagens da série "Game of Thrones" - ValeryEgorov/Getty Images/iStockphoto
Dubrovnik foi local de filmagens da série "Game of Thrones" Imagem: ValeryEgorov/Getty Images/iStockphoto

Andrea Dudik e Jasmina Kuzmanovic

25/06/2019 11h35

Escondida no interior das muralhas da cidade medieval, no porto croata de Dubrovnik, a loja de bolsas de couro de Mara Pezo tem uma localização perfeita para os milhares de turistas que desembarcam dos cruzeiros todos os dias. Agora, tudo o que ela precisa é de euros.

A Croácia, o mais novo membro da União Europeia, pretende fazer a transição para o chamado ERM-2 - uma sala de espera para a adesão à moeda comum - em 2020. Para negócios como a loja de Pezo, os esforços do governo e do banco central para essa transição são esperados com um sentido de urgência.

O turismo responde por cerca de 20% da economia, o que torna a Croácia dependente do dinheiro de turistas assim como a Grécia e Malta, mas pequenos varejistas correm o risco de pagar multas caso aceitem euros. Poder abandonar a moeda local, a kuna, é fundamental, disse Pezo, especialmente porque Dubrovnik lucra com a curiosidade de turistas por ter sido local de filmagem da série "Game of Thrones".

"Visitantes, especialmente os que vêm para uma curta visita em cruzeiros, não sabem que não podemos aceitar euros", disse Pezo, de 32 anos. "Aceitamos cartões de crédito, mas, muitas vezes, as pessoas querem pagar com dinheiro, e esperam poder pagar com euros em um país da União Europeia."

A abertura da Croácia ao euro, tanto no comércio quanto na política, contrasta com uma atitude que varia de morna a totalmente hostil em países não muito distantes.

O governo populista na vizinha Itália, importante membro da zona euro, tem procurado desafiar a hierarquia europeia em relação aos limites de seus gastos orçamentários. Para a Grécia, atingida pela crise, permanecer na região do euro teve um enorme custo político e financeiro. Enquanto isso, lideranças mais nacionalistas na Hungria, Polônia e República Tcheca não têm a mesma pressa de outros países ex-comunistas como Eslováquia, Eslovênia e Países Bálticos para adotar a moeda única europeia.

Para a Croácia, a mudança faz sentido porque a economia da antiga Iugoslávia é altamente voltada para o euro, enquanto o valor relativo da kuna é administrado com rédeas curtas pelo banco central.

"Mantivemos a taxa de câmbio estável por 25 anos, podemos continuar a fazer o mesmo pelos próximos 25 anos, mas, com qual objetivo?", disse o presidente do banco central da Croácia, Boris Vujcic. "É mais fácil entrar na zona do euro para eliminar esse prêmio de risco. Os riscos serão ainda mais comprimidos, as taxas de juros serão ainda mais baixas, e esta é a estrada na qual embarcamos agora."

Esse caminho tem sido longo desde que a Croácia conquistou a independência após a sangrenta dissolução da Iugoslávia há 25 anos. Trocou o dinar pela kuna, moeda que primeiro foi atrelada ao marco alemão e depois ao euro. A adesão à UE ocorreu em 2013.

A jornada é evidente em Dubrovnik, atacada pelo cabo-de-guerra entre o Oriente e o Ocidente por séculos, sem mencionar um terremoto em 1667 que praticamente destruiu a cidade. Mais recentemente, Dubrovnik foi bombardeada pelo exército iugoslavo nas guerras balcânicas dos anos 1990.