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Milhões de sacolas na Baía de Osaka ganham evidência no G-20

Isabel Reynolds e Emi Nobuhiro

26/06/2019 09h54

(Bloomberg) -- O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pretende destacar o flagelo global dos resíduos plásticos transportados pelo mar durante a cúpula do Grupo dos 20, que será realizada em Osaka esta semana. Mas, para ver as evidências da relutância do próprio Japão em resolver o problema, os líderes só terão que ir à janela.

A Baía de Osaka contém cerca de três milhões de sacolas plásticas, segundo um estudo divulgado no início do mês por um pesquisador da universidade local. O carpete de plástico coberto de lama no fundo do mar ilustra o custo ecológico da obsessão do Japão com embalagens, o que torna o país o segundo maior consumidor per capita de plásticos descartáveis do mundo depois dos Estados Unidos, de acordo com as Nações Unidas.

Embora Abe tenha prometido avançar os esforços para combater a poluição dos plásticos nos oceanos durante o G-20, o país está aquém de outros países desenvolvidos na redução do uso do material. Parte disso decorre da própria dependência do Japão do plástico para satisfazer suas expectativas culturais de limpeza e atenção aos detalhes.

Um estudo de dragagem da Baía de Osaka coordenado por Sadao Harada, professor associado de economia pública da Universidade de Comércio de Osaka, concluiu que o corpo de água de 1.450 quilômetros quadrados continha cerca de três milhões de sacolas plásticas - além de seis milhões de outros pedaços de plástico. Harada disse que a maioria das sacolas provavelmente não foi deliberadamente descartada.

A Baía de Osaka, que fornece acesso a vários portos do sul do Japão ao Pacífico Ocidental, está localizada em frente ao Centro Internacional de Convenções de Osaka, onde serão realizados os principais eventos do G-20. Abe disse em reunião de gabinete no mês passado que o problema dos plásticos oceânicos seria tema fundamental da agenda da cúpula.

"Os esforços globais são essenciais para uma solução", disse Abe em Tóquio. "Uma visão global compartilhada exige que cada país implemente medidas concretas para enfrentar o problema."

Acredita-se que consumidores japoneses usem cerca de 30 bilhões de sacolas de plástico por ano, disse Harada. O Japão planeja introduzir taxas obrigatórias para sacolas plásticas no ano que vem, embora os detalhes ainda não tenham sido decididos. Em contraste, o Parlamento Europeu aprovou em março a proibição de plásticos de uso único. O Canadá planeja fazer o mesmo, e países menos desenvolvidos como Ruanda já proibiram sacolas plásticas de compras.

Uma pesquisa conduzida pelo jornal Mainichi, entre 15 e 16 de junho, revelou que 70% dos entrevistados são a favor da cobrança de sacolas plásticas, e 73% disseram que não usariam sacolas plásticas se tivessem que pagar por elas.

A ONU alertou que a poluição do plástico resulta em prejuízo de pelo menos US$ 13 bilhões ao ecossistema marinho anualmente. Os plásticos podem bloquear os cursos de água e exacerbar os desastres naturais, além de danificar os habitats naturais e entrar na cadeia alimentar. Apesar do problema das sacolas plásticas na Baía de Osaka, o Japão não é considerado um dos piores países em termos de poluição por plástico oceânico.

Alguns governos e empresas destacam ações para práticas mais sustentáveis antes do G-20. A Seven & i Holdings disse que os mais de 2 bilhões de bolinhos de arroz que vende todos os anos em suas lojas de conveniência 7-Eleven agora terão embalagens à base de plantas. E uma cidade na província vizinha de Tokushima iniciou um projeto experimental para demonstrar que uma comunidade japonesa pode reduzir seus resíduos a zero até 2020.

--Com a colaboração de Stephen Stapczynski e Ann Koh.

Repórteres da matéria original: Isabel Reynolds em Tóquio, ireynolds1@bloomberg.net;Emi Nobuhiro em Tóquio, enobuhiro@bloomberg.net