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Líder do Cazaquistão promete perdoar dívidas de pessoas pobres

Nariman Gizitdinov e Tony Halpin

27/06/2019 15h30

(Bloomberg) -- O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, disse que vai amortizar empréstimos de risco de até um sexto da população do país da Ásia Central. O líder também sinalizou uma grande mudança na política do país para acabar com os elevados resgastes do governo de bancos privados.

O programa de perdão de empréstimos é o primeiro grande anúncio de política de Tokayev desde que foi eleito presidente em 9 de junho, em uma coreografada transferência de poder que começou quando o antigo líder Nursultan Nazarbayev deixou o posto de chefe de Estado em março. Sua vitória foi recebida com raros e amplos protestos.

O resgate de bancos também é uma questão delicada no Cazaquistão, mergulhado em uma crise há uma década que levou o governo a injetar pelo menos US$ 18 bilhões em instituições financeiras para impedir que o setor desmoronasse sob o peso de dívidas de inadimplentes. O banco central atualmente conduz uma revisão da qualidade dos ativos, levando à especulação de que uma nova rodada de resgates pode estar em andamento.

"Minha atitude é que não deveria haver resgates governamentais" para os bancos, disse Tokayev, de 66 anos, em entrevista na terça-feira na capital Nursultan. "Minha avaliação deste assunto como presidente é que o governo não deve se envolver mais com empréstimos no que diz respeito aos bancos privados."

Embora a iniciativa de alívio da dívida possa ajudar os credores, o custo total provavelmente será de "pouco menos de US$ 1 bilhão", segundo Tokayev. Mais de 3 milhões de pessoas no país, rico em energia e com uma população de 18 milhões de habitantes, vão receber ajuda para suas dívidas, disse. A ajuda é destinada a "pessoas que se encontram em circunstâncias de vida muito difíceis", afirmou.

Em decreto publicado na quarta-feira, a administração presidencial estimou que cerca de 500 mil pessoas não conseguem administrar suas dívidas. Em 86% dos casos, os empréstimos são inferiores a 1 milhão de tenges (US$ 2.650), enquanto a média é de cerca de 300 mil tenges.

Repórteres da matéria original: Nariman Gizitdinov em Almaty, ngizitdinov@bloomberg.net;Tony Halpin em Moscou, thalpin5@bloomberg.net