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Banco Central Europeu sem pressa de reduzir juros em julho

Carolynn Look e Piotr Skolimowski

02/07/2019 12h58

(Bloomberg) -- O Banco Central Europeu ainda não está pronto para reduzir os juros durante a reunião deste mês, pois prefere aguardar mais dados sobre a economia da zona do euro, segundo autoridades do BCE com conhecimento do assunto.

Embora os membros do Conselho do BCE estejam de acordo de que as taxas poderiam cair já em 25 de julho se o cenário econômico se deteriorar, é mais provável que esperem a próxima reunião em setembro, quando terão previsões econômicas atualizadas para respaldar a decisão, disseram as pessoas. O conselho pode ajustar seu comunicado de política monetária este mês para sinalizar que mais estímulos estão a caminho.

As fontes do BCE pediram para não serem identificadas, pois as discussões são informais. Um porta-voz do BCE não quis comentar.

Esperar até setembro coincide com as expectativas do mercado, que aposta em um corte de 10 pontos-base daqui a dois meses. Outros bancos acreditam em uma ação mais rápida ou de maior alcance do BCE. O Commerzbank e o Morgan Stanley esperam uma redução de 10 pontos-base já este mês. O HSBC prevê cortes de 10 pontos-base em setembro e em dezembro, e o Goldman Sachs projeta uma redução de 20 pontos-base em setembro. O Morgan Stanley e o Goldman Sachs também esperam uma retomada da flexibilização quantitativa.

O adiamento também deixa o mercado mais exposto a choques nos meses de verão no hemisfério norte, quando a liquidez é menor. A perspectiva de aumento das tensões comerciais foi destacada na segunda-feira, quando os Estados Unidos propuseram impor mais tarifas aos produtos da União Europeia devido a uma disputa entre a Boeing e a Airbus.

"O BCE muitas vezes demorou para agir no passado - talvez isso esteja relacionado a esperar para atingir um consenso", disse Nick Kounis, economista do ABN Amro em Amsterdã, que espera uma mudança na linguagem de política monetária em julho e um corte de 10 pontos-base em setembro. "Dito isso, acho que há um argumento claro para que o BCE atue já em julho com base no cenário de inflação, expectativas de inflação e riscos de desaceleração do crescimento - não tenho certeza se o Conselho já chegou até aí."

Outro risco é a decisão de política monetária do Federal Reserve, marcada para 31 de julho, uma semana depois da reunião do BCE. Se o Fed cortar as taxas de juros como esperado - talvez em 50 pontos-base - o euro pode disparar em relação ao dólar. Isso afetaria a inflação na zona do euro com a redução dos custos de importação e pesaria no crescimento, já que as exportações do bloco ficariam mais caras.

Outra preocupação persistente é a sucessão do BCE, cujo presidente Mario Draghi deixa o posto em 31 de outubro. Os líderes da UE ainda não chegaram a um acordo sobre os vários postos de alto nível no bloco. E talvez esperem para decidir sobre a presidência do banco central apenas em setembro.

--Com a colaboração de Balazs Penz.

Repórteres da matéria original: Carolynn Look em Frankfurt, clook4@bloomberg.net;Piotr Skolimowski em Frankfurt, pskolimowski@bloomberg.net