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NCH Capital volta a apostar na BRF com recuperação de margem

Vinícius Andrade

10/07/2019 09h05

(Bloomberg) -- A produtora de carne de frango BRF costumava ser uma das maiores posições no portfólio da NCH Capital até o final de 2015, quando a gestora de recursos decidiu se desfazer do investimento diante da perspectiva de desaceleração do mercado de proteína.

Agora, a NCH Capital volta a apostar na BRF com a expectativa de recuperação das margens brutas, disse James Gulbrandsen, diretor de investimentos para a América Latina da NCH, que administra US$ 3 bilhões em ativos.

"A BRF é uma das histórias de recuperação mais interessantes do Brasil", disse Gulbrandsen em entrevista. "Não achamos que terá LPA positivo neste trimestre, mas a tendência de recuperação da margem suporta um retorno à lucratividade neste ano."

As ações da BRF caíram 40% no ano passado, quando a processadora de alimentos registrou prejuízo recorde sob o impacto do embargo de suas exportações para a Europa. Na época, a BRF esteve implicada em um escândalo de pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura. Foi o quarto ano consecutivo de queda das ações da BRF, marcada pelas incertezas causadas por mudanças no comando, conflitos entre acionistas e aumento dos custos de rações.

No acumulado do ano, os papéis da BRF mostram forte desempenho, com alta de 57% apesar do prejuízo no primeiro trimestre. A divulgação do balanço do segundo trimestre está programada para 9 de agosto.

As ações da BRF acumulam alta de 16% neste mês, impulsionadas pela maior demanda em um mercado afetado pela gripe suína africana na Ásia. Gulbrandsen disse que os preços das ações ainda não refletem totalmente o potencial de crescimento das vendas.

"Essa é uma questão séria que levará mais de um ano ou dois para ser resolvida", disse.

O ceticismo sobre as potenciais sinergias de uma proposta de fusão da BRF com a Marfrig Global Foods também perdeu espaço, pois investidores duvidam que o negócio realmente aconteça. Gulbrandsen, que também detém ações da Marfrig, não quis comentar sobre a probabilidade do acordo, mas disse que as sinergias de uma possível fusão parecem muito maiores do que o mercado espera.

--Com a colaboração de Ricardo Strulovici Wolfrid e Gerson Freitas Jr..