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Embaixador do México na OMC se prepara para deixar organização

Bryce Baschuk

16/07/2019 12h02

(Bloomberg) -- O embaixador do México na Organização Mundial do Comércio se prepara para deixar o posto, segundo três autoridades com conhecimento do assunto. A renúncia de Roberto Zapata Barradas representaria um duro golpe para OMC e para a capacidade do México de ajudar a fechar acordos internacionais.

Barradas, que se tornou o principal enviado do México à OMC em 2017, pretende deixar em breve o cargo de representante permanente do governo mexicano em Genebra, disseram as três autoridades, que pediram anonimato.

A decisão coincide com mudanças na legislação propostas pelo partido do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, com o objetivo de fechar escritórios do Ministério da Economia para realocar recursos públicos e programas domésticos. Os que são contra o projeto de lei argumentam que as mudanças deixariam o México sem representação adequada para se defender em disputas de comércio, como contra os EUA e casos na OMC.

A medida também ameaça promissoras negociações comerciais multilaterais da OMC: Zapata é o atual presidente do grupo de negociação sobre regras, que supervisiona as discussões destinadas a eliminar subsídios à pesca que contribuem para a sobrepesca e excesso de capacidade.

A saída abrupta de Zapata pode atrasar essas negociações durante um período importante, segundo representantes da OMC. Um novo presidente de negociação precisaria ser selecionado rapidamente para poder concluir o acordo este ano, disseram as fontes.

As conversas sobre as atividades de pesca entram no quarto ano e continuam enredadas em profundo desacordo sobre qual o papel que a OMC deve desempenhar na administração dos oceanos. O objetivo é cumprir uma meta-chave dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, eliminando subsídios do governo prejudiciais à pesca até 2020.

Um acordo de pesca no âmbito da OMC seria simbolicamente importante para uma organização que luta para manter sua relevância em um ambiente em que as principais economias do mundo explicitamente desobedecem às regras básicas do comércio.

A OMC enfrenta outra ameaça contra seu órgão de apelação, que desempenha funções de arbitragem e pode se tornar inútil até o fim do ano.

"A organização está em profunda crise", disse a Comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, durante evento organizado pelo governo francês em Paris na terça-feira. "Se o órgão de apelação entrar em colapso, o que provavelmente acontecerá em dezembro, pelo menos temporariamente", o bloco ficaria sem controle, disse Malmstrom,

"E então, se você não tem regras, todos podem fazer o que quiserem e isso seria muito, muito ruim, e não menos importante para países menores e em desenvolvimento", disse.

--Com a colaboração de Eric Martin e William Horobin.