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Ryanair revisa planos de expansão com crise do Max da Boeing

Christopher Jasper

16/07/2019 08h04

(Bloomberg) -- A prolongada suspensão dos voos com o jato 737 Max da Boeing levou a Ryanair a revisar os planos de crescimento para o próximo verão, um sinal de que a crise começa a afetar os planos de longo prazo do setor de aviação.

Como ainda não há uma data para que os voos com o Max sejam retomados após dois desastres aéreos, a Ryanair provavelmente vai receber apenas metade dos 58 aviões que esperava para o pico da temporada de 2020, segundo informações divulgadas pela companhia irlandesa na terça-feira. A Ryanair estima que, com o menor número de aviões, irá perder 5 milhões de passageiros no balanço anual.

"A Boeing espera que um pacote de certificação seja submetido aos órgãos reguladores até setembro, com a retomada do serviço logo em seguida", disse o presidente da companhia aérea, Michael O'Leary, em comunicado. "Acreditamos que seria prudente planejar com a data sendo adiada em alguns meses, possivelmente até dezembro."

O anúncio da Ryanair mostra como a suspensão mais prolongada dos voos com o Max teria consequências significativas para as companhias aéreas, que preparam seus cronogramas com cerca de seis meses de antecedência. As viagens aéreas são particularmente intensas até a temporada de verão na Europa. O número de passageiros normalmente dispara a partir do feriado da Páscoa, que em 2020 começa em 10 de abril.

A maior companhia aérea de descontos da Europa enfrenta um problema específico porque encomendou a versão Max 200 de alta capacidade do 737, que requer certificação separada dos reguladores dos Estados Unidos e da Europa. A aprovação para os voos pode levar até dois meses além do prazo de retomada dos voos com o Max.

Caso a suspensão continue, outros clientes do Max já começam a avaliar os planos de frota para o próximo ano. A TUI, maior empresa de viagens do mundo, quer que o modelo substitua os 737 existentes e, em algum momento, vai precisar decidir se continuará operando os jatos antigos, disse um porta-voz.

A Norwegian Air Shuttle tem a maior exposição à crise do Max na Europa, com 18 aviões estacionados. Em abril, a empresa concordou em adiar uma encomenda de outros 14 aviões programada para 2020 e 2021 e continuar operando jatos mais antigos por mais tempo, em um programa para controlar capacidade como parte do plano para reduzir o endividamento.

Nos Estados Unidos, a American Airlines e a United Airlines na semana passada retiraram o Max do cronograma de voos até o início de novembro, mais um sinal de que o jato pode não retomar os voos comerciais este ano.

--Com a colaboração de Layan Odeh.