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Projeções não obrigam BOE a subir juros, diz diretor

David Goodman e Jill Ward

23/07/2019 15h00

(Bloomberg) -- As vulnerabilidades do Brexit podem impedir que o Banco da Inglaterra aumente os juros, mesmo que as previsões da instituição apontem para a necessidade de subir as taxas, segundo Michael Saunders, membro do BOE.

Em entrevista à Bloomberg, Saunders disse que uma saída suave da União Europeia, que está incorporada nas previsões do banco, é muito incerta. Isso significa que mesmo projeções que justifiquem um aumento dos juros terão uma influência menor do que o normal em seu voto.

Saunders liderou a campanha nos dois últimos aumentos da taxa de juros pelo BOE, mas seus comentários sugerem que, desta vez, ele não está com pressa de fazer pressão.

"A economia no momento claramente não está superaquecida - o ritmo subjacente do crescimento ... é fraco e está abaixo da tendência", disse. Na rodada anterior de previsões do banco, "o vínculo entre a previsão e meu voto real estava bastante frouxo".

O Comitê de Política Monetária atualiza suas projeções com sua próxima decisão em 1º de agosto. O problema para o BOE é que o banco dá como certo um Brexit suave, enquanto as expectativas do mercado, que também estão incorporadas às estimativas, estão cada vez mais precificando um possível corte da taxa de juros para aliviar as consequências de uma saída caótica do Reino Unido da UE.

O presidente do BOE, Mark Carney, reconheceu os cenários divergentes em um discurso em Bournemouth este mês, e disse que as autoridades vão explorar "a melhor forma de ilustrar" as "sensibilidades" do mercado em agosto.

Na entrevista, Saunders disse que a discrepância significa que a perspectiva oficial do BOE pode não ser "um fator-chave" para a decisão de política monetária.

--Com a colaboração de Lucy Meakin.

Repórteres da matéria original: David Goodman em Londres, dgoodman28@bloomberg.net;Jill Ward em Londres, jward98@bloomberg.net