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Seres virtuais ganham primeiro Emmy de Hollywood

Pavel Alpeyev

26/08/2019 15h27

(Bloomberg) -- Os criadores de seres virtuais podem agora agradecer à academia por seu reconhecimento no mundo real.

"Os Lobos Dentro das Paredes (Wolves in the Walls)", da Fable Studio, é uma adaptação em realidade virtual de um livro infantil de mesmo nome de Neil Gaiman, e acaba de ganhar um Emmy na categoria inovação excepcional em mídia interativa. A história usa óculos de realidade virtual e controles portáteis para que o jogador interprete o papel de amigo imaginário de Lucy, de 8 anos, enquanto investigam a fonte de ruídos estranhos na casa. Lucy é um tipo de personagem agora referido como um ser virtual.

"Este é o primeiro projeto de seres virtuais a conseguir um Emmy", disse Edward Saatchi, cofundador da Fable, que surgiu de um estúdio de cinema de realidade virtual de propriedade do Facebook. "Isso deve realmente ajudar em Hollywood, levar as pessoas a pensar que talvez devêssemos colocar um ser virtual em um filme ou ter um ser virtual como cantor."

Mas, o que são seres virtuais? A definição de Saatchi é a de um personagem digital com quem podemos desenvolver um relacionamento interativo. Embora ainda não exista nada que atenda plenamente ao padrão, várias empresas surgiram com tentativas que variam de influenciadores do Instagram gerados por computador (CG, na sigla em inglês) a chatbots e parceiros digitais com tecnologia de inteligência artificial. Milhões de pessoas já lidam com seres virtuais primitivos quando pedem a seus alto-falantes inteligentes informações sobre a previsão do tempo ou instruções de cozinha, afirma Saatchi.

"Se a questão é se isso é uma coisa real, com certeza", disse Sinan Aral, professor de tecnologia da informação e marketing da MIT Sloan School of Management em Cambridge, Massachusetts. "Este mercado está sendo criado agora."

Por enquanto, a maior parte da ação acontece no Instagram. Já faz mais de uma década desde que as pessoas perceberam que até mesmo um modesto número de seguidores nas redes sociais pode ser convertido em renda, porque as marcas pagam por anúncios que possuem um toque pessoal. Agora, os empresários descobriram que também podem fabricar microcelebridades com computação gráfica, e os fãs ainda assim vão seguir esses personagens. Para as marcas, os influenciadores CG oferecem controle de mensagens e flexibilidade sem a confusão de lidar com personalidades reais.

"Porque é tão descaradamente uma criação, a questão da autenticidade é discutível", disse Sara Menouni, diretora de criação da Ykone, uma agência com sede em Paris que foi pioneira no marketing de influenciadores. "Isso muda completamente o jogo."

O ser virtual do Instagram mais famoso é Lil Miquela, que tem 1,6 milhão de seguidores e em maio apareceu em um comercial da Calvin Klein dando um beijo na top model de carne e osso Bella Hadid. O sucesso de Miquela inspirou vários imitadores. Shudu, criada por um ex-fotógrafo de moda, se apresenta como a primeira supermodelo digital do mundo. Até mesmo a rede KFC entrou na jogada com uma versão virtual do Coronel Sanders.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net